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Saúde da mulher
Câncer de mama preocupa regiões Sul e Sudeste
Doença deve atingir 74 mil mulheres nos próximos três anos no país
Por: Susi Cristo
Publicado em: quinta, 07 de dezembro de 2023 às 09:00h
Atualizado em: quinta, 07 de dezembro de 2023 às 09:51h

Principal causa de morte por câncer entre as brasileiras (16,1%), o câncer de mama deve atingir cerca de 74 mil mulheres entre 2023 e 2025, segundo estimativa do Instituto Nacional de Câncer (Inca). A taxa de mortalidade pela doença, ajustada por idade pela população mundial, ficou em 11,71 óbitos/100 mil mulheres em 2021, conforme os dados mais recentes divulgados pela entidade. As regiões Sul e Sudeste têm as maiores taxas de mortes (12,69 e 12,43 óbitos/100 mil mulheres, respectivamente).
Um dos fatores que pode explicar essa alta incidência nas duas regiões, conforme explica o médico patologista e presidente da Sociedade Brasileira de Patologia (SBP) Clovis Klock, é a Síndrome de Li-Fraumeni (SLF), doença hereditária de predisposição ao câncer relacionada a mutações no gene TP53, encontrada apenas no Brasil e com prevalência maior no Sul e no Sudeste.
Klock explica que a pessoa com a SLF tem predisposição a vários tipos de tumores, desde intestino, fígado, tireoide e mama. “Acompanhamos vários pacientes com essa síndrome e várias têm câncer de mama. Nas famílias onde há uma incidência maior de câncer, é preciso procurar auxílio médico para estudar que tipo de alteração genética essas pessoas têm, o que pode ajudar muito na prevenção e no diagnóstico precoce das doenças”, orienta.
O número de mulheres diagnosticadas com câncer de mama na faixa dos 30 anos vem aumentando, o que reforça a importância de se fazer o autoexame e os exames de prevenção na população com casos da doença na família mais cedo, e não apenas a partir dos 40 anos. Além de fatores genéticos, o câncer de mama é uma doença multifatorial, com influência de hábitos como cigarro, sedentarismo, obesidade, uso de métodos de contraceptivos orais e reposição hormonal pós-menopausa, entre outros.
O Outubro Rosa reforça o alerta sobre a importância da prevenção e diagnóstico precoce. Conforme a SBP, as chances de cura da doença em estágio inicial chegam a 95%. “O grande segredo quando se fala em câncer é diagnosticar cedo, o que permite conseguir um tratamento menos agressivo para as pacientes e maior qualidade de vida”, explica Klock.
Os tratamentos contra o câncer de mama vêm avançando nos últimos anos. De acordo com o presidente da SBP, o tratamento do câncer de mama foi o primeiro a usar a medicina de precisão e personalizada a partir de receptores hormonais e o Her2 (proteína na parte externa das células mamárias que promove o seu crescimento). Com isso, já é possível determinar os procedimentos adequados para cada paciente.
Nos casos de câncer de mama triplo-negativo, forma mais agressiva da doença, o uso da terapia alvo traz grandes benefícios. “Conseguimos com a terapia alvo melhorar a qualidade de vida dessas pessoas e dar a cura. Geralmente, são pacientes mais jovens e com o câncer mais agressivo. Com a imunoterapia, é possível dar um melhor tratamento. Esse foi o grande avanço que tivemos em termos de câncer de mama nos últimos cinco anos”, afirma Klock.

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Atenção aos sinais
Segundo a médica mastologista Analuíza Savaris, os principais sinais e sintomas suspeitos de câncer de mama são caroço (nódulo), geralmente endurecido, fixo e indolor; pele da mama avermelhada ou parecida com casca de laranja, alterações no bico do peito (mamilo) e saída espontânea de líquido de um dos mamilos. Também podem aparecer pequenos nódulos no pescoço ou na região embaixo dos braços (axilas). 
– O autoexame das mamas figura entre os métodos mais conhecidos. O toque e a observação constantes são as melhores formas de reconhecer quando alguma coisa está diferente. Alguns sinais são percebidos como alerta, indicando a necessidade de procurar ajuda médica – orienta a mastologista.
Não há causa única para o câncer de mama, mas alguns fatores estão associados à maior incidência da doença. Entre os principais, Analuíza cita os ambientais relacionados à má alimentação e sobrepeso, sedentarismo, uso de tabaco e álcool, além dos fatores endócrinos e genéticos. 
– Muitas pacientes acham que o fator genético é determinante para o aparecimento do câncer de mama, porém somente 5% a 10% são genéticos. As outras causas são fatores modificáveis. Como fatores endócrinos, cito a primeira menstruação antes dos 12; primeira gravidez após os 30 anos; menopausa após os 55 anos; e de reposição hormonal após a menopausa. Já como fatores genéticos, estão os relacionados a mulheres que têm vários casos de câncer de mama ou pelo menos um caso de câncer de ovário em parentes de primeiro grau, por exemplo – explica a mastologista.

Quando iniciar o rastreamento
De acordo com a Sociedade Brasileira de Mastologia (SBM), o rastreamento do câncer de mama deve iniciar aos 40 anos, sendo realizado anualmente com exame de mamografia. Se necessário, é feita a complementação com ultrassonografia mamária (US).
– A mamografia é o método de eleição para detectar tumores, muitas vezes precisamos complementar com o US, mas é importante lembrar que um exame não substitui o outro – frisa Analuíza. 

Câncer de mama em homens
O câncer de mama em homens representa apenas 1% dos casos, sendo mais comum em homens com mais de 60 anos e com histórico familiar de mulheres com câncer de mama ou de ovários. Porém, é importante que também fiquem atentos a qualquer sinal de anormalidade. “Homens também podem apresentar sinais e sintomas iguais os das mulheres quando há surgimento do câncer de mama. Por isso, é necessário fazer esse rastreamento precoce”, reforça a mastologista.


Colaborou
Analuíza Savaris 
Médica mastologista (CRM 38251/ RQE- 36875)

 

Fonte: Jornal O Alto Uruguai
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