Os desafios relacionados ao crescimento sustentável no agronegócio foram debatidos na 25ª edição da Expodireto Cotrijal, realizada em Não-Me-Toque, durante evento promovido na Casa RBS na manhã desta terça-feira, 11.
Esse encontro reuniu lideranças do setor agropecuário, representantes do poder público e produtores rurais para discutir estratégias que possibilitem um desenvolvimento econômico sustentável. Foram debatidos aspectos sociais e ambientais que impactam diretamente na manutenção da produtividade e da competitividade do setor, que representa uma das bases da economia do Rio Grande do Sul e do Brasil.
Ivonei Librelotto, proprietário da Fazenda Librelotto (de Boa Vista das Missões), e presidente do Sindicato Rural de Palmeiras das Missões (SR-PM), destacou a importância da adoção do sistema de integração lavoura-pecuária como alternativa economicamente viável e ambientalmente benéfica, enfatizando que essa estratégia produtiva permite otimizar o uso da terra, reduzir impactos ambientais e aumentar a produtividade das propriedades rurais, garantindo que a combinação de diferentes culturas com a criação de gado, dentro de um sistema de manejo adequado, contribua para a mitigação das emissões de gases de efeito estufa, ao mesmo tempo em que favorece o sequestro de carbono pelo solo e pela vegetação, proporcionando um equilíbrio ambiental e produtivo.
Durante sua exposição, Librelotto criticou a falta de planejamento estruturado para o setor agropecuário e ressaltou a necessidade de um diagnóstico preciso e baseado em dados concretos para fundamentar decisões estratégicas que impactam diretamente o futuro do agronegócio gaúcho, alertando que a análise criteriosa dos índices de produtividade em diferentes regiões do estado demonstra a urgência de revisão de modelos de produção, uma vez que, enquanto algumas áreas não alcançam sequer 30 sacas de soja por hectare, outras atingem produtividades muito superiores, o que evidencia a necessidade de políticas mais eficientes para garantir maior estabilidade ao setor.
Librelotto também alertou sobre os riscos da monocultura para a sustentabilidade do agronegócio e defendeu a diversificação das atividades agropecuárias como estratégia fundamental para aumentar a resiliência dos agricultores diante de desafios climáticos e econômicos, ressaltando que a produtividade de algumas regiões se mantém baixa mesmo em anos com índices de chuvas mais elevados, o que indica que apenas atribuir a queda na produção às condições climáticas não é suficiente para explicar as dificuldades enfrentadas pelo setor e que são necessárias mudanças estruturais na forma de produção para garantir maior eficiência.
Ivonei Librelotto reforçou a importância de medidas concretas e coordenadas entre os diferentes setores envolvidos para garantir que as decisões implementadas resultem em avanços efetivos e duradouros para o agronegócio do Rio Grande do Sul, alertando que a fragmentação dos esforços e a ausência de uma articulação entre os agentes do setor podem comprometer a capacidade de reação diante das dificuldades enfrentadas, destacando que o debate realizado na Expodireto Cotrijal deve resultar em projetos concretos que possam ser levados para as instâncias decisórias do estado, transformando as discussões em medidas práticas que contribuam para o fortalecimento do setor.
O painel foi conduzido pela jornalista Gisele Loeblein e contou com a participação, além de Ivonei Librelotto, de Darci Hartmann, presidente do Sistema Ocergs/Sescoop-RS, Carlos Joel da Silva, presidente da Fetag-RS, Pepe Vargas, presidente da Assembleia Legislativa, e Márcia Capellari, diretora institucional do Instituto Aliança Empresarial. A 25ª edição da Expodireto Cotrijal segue até sexta-feira, 14.