O futebol, por si só, ainda é um ambiente marcado por muito machismo e preconceito por parte da sociedade. A modalidade feminina que passou por mais de 30 anos de proibição por uma lei que alegava que o esporte era violento e prejudicava a saúde e a “feminilidade” das mulheres só teve a sua regulamentação nacional no ano de 1983, permitindo a realização de competições e o uso de estádios.
Com o crescimento do futebol feminino não só no país como no mundo, as novas modalidades oriundas do esporte mais popular do mundo também cresceram da mesma forma. Neste ano, em novembro ocorrerá a primeira Copa do Mundo de Futsal Feminino e a Seleção Brasileira chega como grande favorita, tendo a melhor jogadora do mundo no elenco, a ala, Amandinha.
O início da série
No meio deste universo gigante do futsal feminino, algumas mulheres destacam-se nos Campeonatos Municipais da região, desfilando todo o seu talento e habilidade com a bola no pé. E é isso que iremos mostrar na série de reportagens “Rainhas das quadras”, onde falaremos com atletas que disputam as diferentes competições espalhadas pelos municípios a fora.
No primeiro capítulo, falaremos sobre Ana Paula Turchetto, uma jogadora natural de Taquaruçu do Sul que divide a sua vida de “personal” em uma academia focado em trabalhos específicos para atletas com a sua vida dentro dos ginásios de futsal.
Da infância ao profissional
Tendo começado a jogar aos 10 anos de idade, a pequena Ana Paula já demonstrava na escola toda a sua habilidade com a bola nos pés. O seu talento o fez treinar junto com os meninos e consequentemente um ano depois já disputar os campeonatos regionais, pela categoria sub-17, e os municipais, no meio das adultas, desde os seus 12 anos.
Com a sua ascensão muito jovem, Ana Paula recebeu um convite das Gurias do Yucumã no ano de 2021, quando o time ficou com a terceira colocação do Campeonato Gaúcho feminino e garantiu um lugar na Série C do Brasileirão na temporada seguinte. Ainda na sua passagem como profissional, a Taquaruçuense de 21 anos passou pelo Juventude em 2023, e em 2024, pelo América-MG e pela Celemaster do futsal de Uruguaiana.
Foco nos estudos
Neste ano de 2025, a jovem ainda recebeu uma proposta para atuar no futsal do Paraná, mas recusando encima da hora e decidindo ficar pela região. “No momento eu percebi que era pra eu ficar aqui e não ir”, conta Ana Paula. Atualmente, a jovem divide os seus compromissos dentro de quadra com o seu trabalho de personal e a sua graduação em Educação Física.
Mesmo tendo saído do cenário profissional, a atleta amadora leva até hoje consigo os ensinamentos que teve durante o período dentro dos gramados. “Atletas profissionais vivem do futebol, alimentação adequada, treinamento diários e uma rotina de atleta, já jogadoras dos regionais, só se juntam para jogar, então o nível é muito mais baixo”, conta Ana Paula.
Vida nas quadras afora
Atualmente, a jovem roda a região disputando os campeonatos municipais da categoria feminino, tendo recentemente conquistado o Municipal de Futsal de Caiçara pelo CT Futura sendo decisiva na região. Para poder sustentar todos os seus trajetos pela região, Ana Paula recebe cerca de 250 a 300 reais por partida disputada, mantendo a sua participação pelas competições nas equipes que a convocam.
Para finalizar, a jogadora conta sobre como a sua vida relacionada ao esporte impacta no dia a dia. “Para mim, o futebol é a melhor parte da minha rotina, aonde eu me sinto livre e muito feliz, espero viver dele por muitos e muitos anos, crescendo cada vez mais”, conclui Ana Paula Turchetto.