Diante do cenário de superação do pior momento da pandemia da Covid-19, a recuperação da economia vem agravando um problema que já era sentido pelas empresas bem antes deste período de crise. De acordo com dados do Novo Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Novo Caged), o acumulado em agosto de 2021 é de 2,51 milhões de empregos formais no RS, indicativos positivos da retomada e respiro do mercado de trabalho.
Mesmo com esta boa notícia, um problema vem se agravando, gerado pelo descompasso entre as vagas no comércio, indústria e prestação de serviços, e a disponibilidade de mão de obra capacitada. Segundo dados do Boletim do Trabalho, publicado no último dia 13, pelo Departamento de Economia e Estatística, vinculado à Secretaria de Planejamento, Governança e Gestão do Rio Grande do Sul (SPGG), nos oito primeiros meses de 2021, o Estado registrou a geração de 118,8 mil empregos formais, uma alta de 4,7% no total de seu estoque. Em relação ao saldo de trabalhadores, foram 106.815 admissões contra 92.979 demissões, gerando um resultado positivo de 13.836 postos em setembro, consolidando um cenário preocupante de escassez de mão de obra capacitada, que preencha os requisitos técnicos mínimos para as exigências de cargos cada vez mais tecnológicos.
Aqui na região não é diferente. Em Frederico Westphalen, dezenas de empresas estão com dificuldades de preencher as vagas disponíveis. De um lado oportunidades de empregos que exigem uma boa capacitação técnica e do outro um grande número de pessoas que não consegue lugar no mercado em função da baixa escolaridade e capacitação insuficiente.

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FW vive dificuldades em empregar

Este descompasso é sentido pela equipe que coordena a unidade da Fundação Gaúcha de Trabalho e Ação Social (FGTAS) em FW, que atende mais de 40 municípios. De acordo com a coordenadora Silvia Trennepohl, a regional Frederiquense tem em aberto 55 oportunidades, sendo que em algumas empresas são várias vagas disponíveis no chamado. A coordenadora explica que a unidade convive com dificuldades relacionadas a realocar as pessoas no trabalho. “Hoje a nossa maior preocupação é diante da quantidade de vagas em aberto, correlacionada com a grande procura das empresas por colaboradores e nós não estamos conseguindo inserir essas pessoas no mercado de trabalho”, destaca Silvia. 
Ainda, a profissional diz que entre as principais questões que estão barrando a inserção do público desempregado nas empresas, são os requisitos básicos, como o nível de escolaridade, correlacionado com questões de deslocamento.
– O empregador dispõe de requisitos que na maioria das vezes são mínimos, como o caso da escolaridade. As empresas requisitam que no mínimo se tenha o ensino médio completo, fator que atualmente mais esbarra os entrevistados, além disso, por meio de conversas com os empresários, outra questão é o difícil acesso, visto que muitas empresas e indústrias estão situadas na BR e diante da oferta de salário entre R$ 1,3 mil a R$ 1,5 mil, o deslocamento até o ponto de trabalho se torna difícil – pontua a coordenadora.
Silvia contextualiza que a situação é complexa, analisando os dois lados, tanto dos empresários que estão se reestruturando diante dos impactos causados pela pandemia, quanto os desempregados que muitas vezes precisam sustentar suas famílias com um salário apertado diante do aumento geral no preço dos produtos e serviços.
“Por conta da reestruturação diante do cenário da pandemia, os salários-bases que eram pagos anteriormente não são possíveis de serem alcançados neste momento, o que tornam as vagas menos atrativas”, comenta a coordenadora do FGTAS. 
A psicóloga e responsável pelo setor do Recursos Humanos da Associação Empresarial de Frederico Westphalen (AEFW), Aline Galhardo, complementa que, correlacionado com as questões apresentadas pela coordenadora do FGTAS, fatores como a adaptabilidade e a disponibilidade dos candidatos às vagas que são oferecidas também acabam travando o ingresso do público às empresas. 
 – A atuação nos horários em que as empresas precisam dos funcionários trabalhando acaba não encaixando com a disponibilidade que o trabalhador possui de, às vezes, ter que remanejar uma escala e compensar em outros dias –salienta a psicóloga.   
Outro problema apresentado por Aline é diante da dificuldade que a associação está tendo em encontrar mão de obra masculina para cargos específicos. A entidade tem prestado serviços aos seus associados na área de recrutamento e seleção de profissionais, e tem constatado na prática o problema enfrentado pelas empresas.
Ela complementa destacando o empenho da diretoria da entidade em manter uma agenda de cursos e capacitações constante, pois acredita que este é o caminho para auxiliar as empresas neste grande desafio. 

Poder Público busca iniciativas e endossa necessidade de especialização

O secretário de Indústria, Comércio e Turismo, Alessandro Molossi, salienta que a situação da baixa qualificação das pessoas que estão no mercado à procura de emprego em relação às vagas que as empresas disponibilizam é vivida também em outros municípios do Estado e da região, e que ações estão sendo adotadas.  
– A prefeitura tem mapeado a questão constantemente em conversa com empreendedores e empresários, e diante disso, cursos de formação e especialização são oferecidos pelo Poder Público, contudo, também enfrentamos dificuldades nesse sentido, pois geralmente quem procura pelas capacitações são as pessoas que já estão empregadas, melhorando as suas faculdades, e não o público que está à procura de trabalho – salienta Molossi. 
Como ação para minimizar a problemática, o secretário destaca que a Sala do Empreendedor de FW segue atuando no mapeamento das deficiências identificadas nesse âmbito trabalhista, por meio de parcerias com as universidades, com a AEFW e outras instituições, além de reiterar a importância de que a população busque a qualificação por meio de uma formação acadêmica ou de cursos profissionalizantes. “Para ingressar no mercado de trabalho, para aumentar seus níveis salarias e impulsionar suas carreiras, as pessoas precisam se especializar e buscar o conhecimento, com uma mudança cultural da sociedade em parceria com o Poder Público”, enfatiza o secretário de Indústria, Comércio e Turismo de FW. 

A busca por empregos se mantém

A sobra de vagas não significa que as pessoas estão deixando de procurar por emprego. Segundo informações repassadas pela unidade frederiquense do FGTAS, durante o mês de agosto, o órgão atendeu a 1.391 pessoas. Ainda, 90 vagas foram ofertadas no período e, dessas, 45 foram preenchidas. Foram realizados, também, 636 encaminhamentos para vagas diretas de empregos. 
Ainda, o levantamento do Novo Caged indica a existência no fluxo do mercado de trabalho frederiquense. De acordo com o órgão, durante o mês de setembro, FW registrou 347 admissões e 322 desligamentos, resultando no saldo positivo de 25 novos postos de trabalho. No acumulado do ano, o município gerou 3.439 contratações ao passo que 2.838 demissões contrastaram, totalizando, até o momento, 601 novos postos de trabalho em 2021.
Diante desse cenário de sobra de vagas e ausência de mão de obra especializada, Silvia relata que algumas ações do FGTAS de FW está sendo articulada junto à administração municipal, AEFW e demais instituições que estão preocupadas com a situação, para promover ao público mais vulnerável programas de formação e especialização a fim de capacitar a população e enquadrá-la nas oportunidades que são oferecidas e demandadas pelo mercado frederiquense. 
 

Dicas para ingressar no mercado de trabalho

A partir da entrevista com a coordenadora da FGTAS da unidade de FW, Silvia Trennepohl, o AU separou algumas dicas para auxiliar no ingresso ao mercado de trabalho.
•    Atualizar seus dados na unidade do FGTAS.
•    Buscar concluir os níveis de escolaridade.
•    Sempre ter em mãos o currículo em uma entrevista de emprego.
•    Deixar claro suas especialidades e experiências.
•    Atender a telefonemas. 

Confira a relação de vagas disponíveis no FGTAS em Frederico Westphalen: