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Rural
Soluções para amenizar os impactos da estiagem
Fazenda Librelotto, em Boa Vista das Missões, adotou o sistema de terraceamento, com apoio da Embrapa
Por: Cíntia Henker
Publicado em: quarta, 30 de março de 2022 às 11:48h

Os 180 hectares da Fazenda Librelotto, em Boa Vista das Missões, seguem bastante saudáveis e verdes, mesmo após um longo período de chuva escassa. A paisagem impressiona, tendo em vista a realidade de grande parte da região. 
No entanto, de acordo com o dono da propriedade, Ivonei Librelotto, isso se deve a um sistema adotado por ele, em parceria com a Embrapa Trigo, de Passo Fundo. “Somos uma unidade de integração lavoura-pecuária e adotamos o sistema de terraceamento, que se chama ‘terraço for Windows’. Eles são feitos dentro de uma metodologia, na qual toda água da chuva não escorre e fica na propriedade”, explica.
Com esta técnica é possível aumentar a infiltração da água no solo, sendo possível armazená-la. A propriedade já possui esse sistema há quase quatro anos e, além do auxílio do chefe-geral da Embrapa Trigo, Jorge Jorge Lemanski, Librelotto também contou com apoio do escritório municipal da Emater. 
– A construção dos terraços se deu em uma parceria entre Embrapa e Emater/RS. Acompanhei desde o início a atividade, onde projetamos dois terraços, após junto com o proprietário construímos os outros na sequência e seguindo as orientações aprendidas – conta o extensionista da Emater, Leonidas Piovesan. 

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Benefícios da técnica
Conforme a Embrapa, o terraceamento consiste na construção de uma estrutura transversal ao sentido do maior declive do terreno. Apresenta estrutura composta de um dique e um canal, e tem a finalidade de reter e infiltrar as águas das chuvas. 
Librelotto também ressalta que esta é uma técnica bastante antiga e que na prática tudo se torna mais simples. “Nossos pilares aqui, além deste sistema, são integração lavoura-pecuária com gado de corte, rotação de cultura e pastagem e adubação. O lado direito da minha propriedade, por exemplo, possui 70 hectares e sete terraços, eles têm de 12 a 15 metros de largura e cerca de 80 cm de altura. No início tinha muito receio que em períodos de chuva muito forte pudesse estourar algum terraço, mas isso não aconteceu. Em termos de custo, também vale muito a pena, tendo em vista os resultados positivos. Nestes períodos de estiagem, de certa forma, sentimos sim alguns impactos, pois com uma grande falta de chuvas como esta é impossível sair ileso, mas em tese, sofremos bem menos”, explica Librelotto. 
Segundo Leonidas, esta não é uma pratica de conservação individual, depende de outras, seja antes da construção do terraço, como plantas de cobertura e um sistema de plantio direto consolidado. Ou após a construção, com a manutenção dos terraços o plantio em nível e manter o solo coberto todo ano. “Depois da decisão do produtor se inicia o trabalho de cálculos de locação dos terraços, recomenda-se o sistema ‘for Windows’, com cálculos de espaçamento vertical e horizontal, começando pela parte mais alta da área”, explica.

A Fazenda Librelotto
Ao contar um pouco sua história de vida, Librelotto demonstra estar sempre aberto a novas possibilidades e técnicas para auxiliar na lavoura. Prova disso, é o fato de a Fazenda Librelotto ser uma unidade de integração da Embrapa Trigo. 
Muito disso se deve ao fato da paixão que o produtor tem pelo que faz. “Eu sempre digo que fiz o caminho inverso, morava em Jaboticaba, na cidade, e vim para Boa Vista das Missões para a lavoura. Costumo dizer que agricultura e pecuária estão no meu sangue e, claro, me sinto muito bem e muito feliz, buscando conciliar a teoria com a prática. Evidente que erramos, mas nos permitimos sempre nos testar”, finaliza Librelotto, afirmando estar disposto a auxiliar produtores que desejam implantar o mesmo sistema. 
 

Fonte: Jornal O Alto Uruguai
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