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Artigo do leitor
Proibida de ficar doente
Por: Redação
Publicado em: segunda, 27 de junho de 2022 às 13:55h
Atualizado em: segunda, 27 de junho de 2022 às 14:40h

Maria, mulher de meia idade, mãe, trabalhadora e dona de casa. Acorda cedo para preparar o filho para a creche em um tempo hábil o suficiente, para que não atrase os demais afazeres domésticos e pessoais até a hora de ir a um trabalho, cuja jornada se estende até o final da tarde. Expediente profissional que se encerra para o retorno do ciclo das responsabilidades maternais.

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Maria, neste caso é uma personagem, mas que tipifica a vida de tantas mulheres. Mãe, trabalhadora, dona do lar. Tantos títulos, que não permitem um tempo de folga! Mas folga não é luxo, por muitas vezes passa a ser recomendação médica. Mulheres são frequentemente mais diagnosticadas com depressão e transtornos de ansiedade do que os homens. A Organização Mundial da Saúde destaca que a prevalência de diagnósticos de depressão e ansiedade em mulheres está relacionada a fatores de risco causados por condições de violência de gênero, como desvantagem socioeconômica, baixa renda e desigualdade social.

Prioridades! Como explicar a uma mãe e trabalhadora, responsável por tudo e por todos que ela também precisa cuidar de si? Que sintomas são respostas do corpo humano, enviados como alertas para entendermos que não está tudo bem? Parto para o seu apelo emocional e humanitário! Não cuidar de si, é privar o outro da sua melhor versão.

Doenças mentais também afetam o corpo físico, podendo, em um primeiro momento causar dores, insônia, perda de peso, baixa imunidade e alterações de humor. Mas quando não tratada, há longo prazo pode desencadear inflamações, demências, cânceres entre outras doenças de difícil tratamento.

A medicina me ensinou que, como profissionais da saúde, devemos agir com nossos pacientes de forma preventiva, cuidando deles mesmo em tempos de saúde perfeita. O olhar profissional ultrapassa as barreiras da especialidade médica. Por isso, reforço a necessidade do autocuidado por parte das mulheres, seja através de exames de rotina, ou na simples ação de se permitir períodos diários consigo mesma, proporcionando mais felicidade e motivação na vida.

Mulheres não são proibidas de ficarem doentes, e quando ficam, não devem ignorar esse cenário em prol dos outros. Se cuidem e, com o mesmo zelo que cuidam dos que lhe cercam. E, quando precisarem, nós médicos estaremos à disposição para ouvir, tratar e melhorar a vida das Marias.

Dr. Thiago Brunet
Médico, vereador e palestrante
www.drthiagobrunet.com.br

 

Fonte: Jornal O Alto Uruguai
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