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Desenvolvimento regional
HPR em Palmeira das Missões já está com mais de 60% de suas obras finalizadas
Casa de saúde atenderá mais de 500 mil pessoas pelo SUS e conta com investimento de R$ 115 milhões
Por: Wagner Stan
Publicado em: terça, 23 de agosto de 2022 às 08:08h
Atualizado em: terça, 23 de agosto de 2022 às 08:20h

Trazer especialidades para o interior do Norte do Estado e melhorar a qualidade de vida de pacientes é uma demanda antiga para reduzir a chamada “ambuloterapia”, com milhares de pacientes da região precisando se deslocar para a capital do Estado e outros centros, em busca de tratamento de alta complexidade. 
Desde 2008, que a construção de um hospital público, que atenda a toda a região, é debatida pelas lideranças regionais e tem chamado a atenção da opinião pública, que acompanhou as negociações e mobilização da classe política. O projeto original, com orçamento inicial de aproximadamente R$ 18 milhões, que visava duas unidades, com a construção de um novo prédio em Palmeira das Missões e o aproveitamento da estrutura do Hospital Divina Providência (HDP), de Frederico Westphalen, hoje é realidade apenas na cidade palmeirense. Como foi registrado em nossa edição impressa de 10 de julho de 2010, as duas unidades seriam desenvolvidas simultaneamente e a gestão seria feita por meio de um grupo de prefeitos e empresários, algo que durante o percurso acabou sendo modificado. Em 2011, um diagnóstico foi realizado nas estruturas do HDP, a fim de que essas informações fizessem parte do projeto, e foram encaminhadas para análise da equipe de implementação, denominada G13, como registrado em nossa edição impressa de 5 de fevereiro de 2011. 
Hoje, o hospital em Palmeira das Missões já está com 60% de suas obras finalizadas e deve abrir as portas no segundo semestre de 2024, enquanto em FW, ainda há uma incógnita sobre os próximos passos, porém conversas vêm sendo realizadas entre a Administração de FW e a de Palmeira das Missões sobre o projeto original ser retomado. 

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Casa de saúde regional 
A casa de saúde em Palmeira das Missões deverá atender mais de 500 mil pessoas, com uma abrangência de 72 municípios e seu atendimento será realizado unicamente pelo Sistema Único de Saúde (SUS). O HPR é um investimento do governo federal, do Estado do RS, e conta com a contrapartida do município, totalizando mais de R$ 115 milhões no contrato inicial, o que com os reajustes inflacionários e novos projetos complementares chegam a R$ 165 milhões. 
A gestão do Hospital Público Regional será da Empresa Brasileira de Serviços Hospitalares (Ebserh), uma empresa pública do Ministério da Educação, responsável pela gestão de mais de 41 hospitais universitários do país, que é o maior complexo de gestão da América Latina.  
Início do projeto
Em 2008, instalava-se em Palmeira das Missões a Universidade Federal de Santa Maria (UFSM), com a presença de alguns cursos voltados à área da saúde. A partir dessa instalação se começou a debater e projetar a implementação de um hospital público no município. Durante o planejamento foram realizados estudos que contribuíram nas tomadas de decisão do projeto. Cerca de 90% da população da área de abrangência estipulada conta com apenas um cadastro de plano de saúde, que é o do SUS, o que confirmou ainda mais a necessidade de um hospital público. 
Em 2010, foi assinado o contrato de repasses para a construção do HPR, entre o governo federal, Ministério da Saúde, Caixa Federal Econômica e o município de Palmeira das Missões, com o valor de R$ 115 milhões, em torno de R$ 3 milhões eram de contrapartida do município, algo que com reajustes, novas contratações e projetos complementares, a Prefeitura de Palmeira das Missões já investiu R$ 7 milhões na obra e há, ainda, mais investimentos pela frente. 
Algumas mudanças ocorreram durante o desenvolvimento do HPR. Nos primeiros passos, a ideia seria a construção do hospital em Palmeira das Missões e também a anexação do Hospital Divina Providência (HDP) de Frederico Westphalen, mas com o percorrer dos anos esse processo se perdeu. Algo que está novamente em debate, de acordo com Gilberto Barichello, coordenador do projeto de instalação do HPR, que informou que reuniões estão sendo feitas com o presidente da Amzop e prefeito de FW, José Alberto Panosso, para que a parceria seja reestabelecida e o hospital de FW seja anexado ao hospital regional como uma unidade complementar. Caso esse processo seja reinstaurado, especialidades presentes no HPR não serão disponibilizadas no HDP, e vice-versa. 

Descentralização de especialidades da área metropolitana 
A chegada de tecnologia, novos recursos e especialistas de média e alta complexidade para o HPR contribuirá também para que pacientes, que hoje precisam ir para regiões metropolitanas, possam fazer suas consultas e tratamentos de alta complexidade em sua própria região. “Imagina um senhor de 80 anos que precisa de hemodiálise e que tem que ir a Passo Fundo, que é o que acontece hoje. Com o hospital em Palmeira das Missões, isso não vai acontecer, pois terá o tratamento no município”, disse Barichello ao destacar a importância do HPR para a população regional. 
O coordenador ainda define a presença do hospital como uma “desmetropolização” de serviços hospitalares especializados de média e alta complexidade, ou seja, trazer para o interior do Estado, conhecimento, educação e especialidades que antes só estavam disponíveis em grandes metrópoles do RS. 
– O HPR será mais um ponto para fortalecer a rede de cuidado e, com isso, ajudar a fazer a região mais autossuficiente de serviços e diagnóstico especializados e na formação educacional na área da saúde – destaca Barrichello. 
Outro ponto benéfico da instalação de um hospital de grande porte em Palmeira das Missões, de acordo com o coordenador do projeto, é a economia de transporte das administrações públicas, a partir da oferta das especialidades no HPR, os municípios não precisarão deslocar veículos, colaboradores e pacientes para cidades com mais 200km de distância, como é feito hoje. 

Hospital-escola 
De acordo com o coordenador de implementação do HPR, Gilberto Barichello, o hospital também tem como objetivo contribuir na formação, na pesquisa e na prática profissional na área da saúde da região. Um prédio do complexo será destinado exclusivamente para o desenvolvimento de aulas e atividades de pesquisa e extensão, atuando como um hospital escola, cadastrado ao Ministério da Educação. Além disso, a UFSM tem firmado parceria com a equipe de planejamento e estruturação do HPR para adicionar na grade de cursos do campus do município, novos cursos na área da saúde, como Fisioterapia, Farmácia, Biomedicina e, após a inauguração do hospital, o curso de Medicina. Além disso, o empreendimento estará aberto para outras instituições de ensino técnico e especialização, para que seus alunos possam atuar em estágios, especializações e demais atividades da área. 

Movimentos na região 
Com 74 milhões já pagos e com mais de 60% da obra finalizada, foi criado um Comitê Regional do HPR com 29 entidades da região e Estado, com o intuito de buscar recursos para equipar o hospital. No dia 16 de agosto, representantes do comitê estiveram na Assembleia Legislativa solicitando incrementar no valor do orçamento geral do Estado de 2023 cerca de R$ 20 milhões para a compra de equipamentos para o HPR. Até o momento, R$ 7 milhões já foram encaminhados pelo governo estadual para a compra dos primeiros equipamentos do hospital. Além de reforçar a região na área da saúde, o HPR deve contribuir também para o crescimento e desenvolvimento regional em outras áreas de produção. Há um levantamento da equipe coordenadora do projeto de que o HPR deve gerar cerca de 1,5 mil novos empregos diretos. Além disso, empresas estão se movimentando para investir no município em decorrência da implantação do hospital, entre elas empreendimentos no setor imobiliário de alto porte. 

Fonte: Jornal O Alto Uruguai
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