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Pecuária Leiteira
RS teve diminuição superior a 52% no número de produtores em seis anos
Iniciativas como o Pisa estão transformando para melhor a vida de quem permanece na atividade
Por: Márcia Sarmento
Publicado em: quarta, 23 de novembro de 2022 às 12:03h
Atualizado em: quarta, 23 de novembro de 2022 às 15:52h

Agricultores, representantes de entidades ligadas à agricultura, estudantes e público em geral participam nesta quarta-feira, 23, durante o dia, do Seminário Juntos Transformando Vidas na Pecuária Leiteira. O evento, no salão de atos da URI/FW, é uma promoção do Juntos Para Competir, Farsul, Senar e Sebrae/RS, com apoio da URI/FW, Emater/RS-Ascar, Governo do Estado, Sindicato Rural, Secretaria de Agricultura e Meio Ambiente, além das prefeituras de Pinheirinho do Vale, Palmitinho, Taquaruçu do Sul, Vista Alegre, Frederico Westphalen, Iraí, Caiçara e Vicente Dutra.
A programação, que conta com palestras e depoimentos de produtores de leite que participam do projeto de Produção Integrada de Sistemas Agropecuários (Pisa), conta com co-produção da Sicredi Conexão, Cresol Raiz e Cotrifred, e visa mostrar o aprimoramento da cadeia leiteira na região, a partir da implantação do programa. Na região do Médio Alto Uruguai, o Pisa iniciou em plena pandemia, e atende 120 famílias em oito municípios, com capacitação técnica, dias de campo, palestras, cursos e treinamentos a cargo do Senar e Sebrae RS.
Entre os temas abordados no seminário estão melhoramento genético e dados do cenário da pecuária leiteira regional, além de depoimentos de produtores de leite, incluindo a família Ortiz, de Pirapó, nas Missões, pioneira no programa e modelo de desenvolvimento para o Brasil.
Números
O engenheiro agrônomo, assistente técnico regional na Emater/RS-Ascar de Frederico Westphalen, Valdir Sangaletti, apresentou dados do Relatório Socioeconômico da Cadeia Produtiva do Leite no RS, referente ao ano 2021. O documento reúne informações sobre a bovinocultura de leite, por estimativa, nos 497 municípios gaúchos.
Conforme o relatório, o Estado teve uma diminuição de 52,28% no número de produtores que vendem leite em 2021, com um total de 40.182 mil. Em 2015, ano em que o estudo foi iniciado, o Rio Grande do Sul tinha 84.199 produtores. O número de vacas leiteiras também diminuiu de 1,1 milhão em 2015, para 870.060 em 2022, uma redução de 304.7%.
Entretanto, os dados relacionados à produção total de litros de leite que são vendidos no Estado mostram que a produtividade praticamente se manteve. Ou seja, são menos produtores e menos animais, que garantem a produtividade, abastecendo indústrias, cooperativas ou queijarias e estão legalizados. Em 2015, o total de produção foi de 4,2 milhões de litros de leite. Em 2022, o relatório apontou 4,07 milhões de litros de leite.
Na região da Regional da Emater/RS-Ascar de Frederico Westphalen, que abrange 42 municípios, também houve redução do número de produtores envolvidos na atividade. Em 2019 eram 5.922 produtores que comercializavam leite para a indústria, e em 2021, 4.914 produtores, uma diminuição de 17,02%. Para 2023, a projeção é de que haja mais redução, entre 12% e 15%. Por outro lado, a produtividade aumentou. Em 2019 foram produzidos 413,7 milhões de litros de leite nestes municípios, enquanto em 2021, o número chegou a 429,2 milhões de litros de leite, um aumento de 3,73%.
Considerando um valor médio de R$ 2,10 por litro de leite comercializado pelo produtor, a atividade movimentou R$ 901,3 milhões em 2021 na região. 
Qualificação
Essa realidade mostra que os produtores que se mantêm na atividade estão cada vez mais qualificados, em contato com tecnologias e sistemas de produção sustentáveis e rentáveis. Em 2015, a média de produção de leite vaca/dia por propriedade no Estado era de 63,28 litros, o que chega a 87,46% em 2021. Investimentos como uso do resfriador por expansão direta, exigido para a comercialização legalizada, também mostram evolução a partir dos dados estaduais. Em 2015, 72,38% dos produtores utilizava o sistema, enquanto em 2021, chega a 98,76%.
– A atividade leiteira tem que ser encarada como uma atividade profissional e geradora de renda. Ela é fundamental para a sucessão rural. Ou seja, impacta diretamente na economia dos municípios. A dinâmica financeira do leite precisa ser considerada, e não apenas as questões técnicas e produtivas. Há municípios da região que produzem 200 litros de leite por dia, enquanto outros produzem 900 litros. Assim com na média de leite por vaca dia é de sete litros em algumas localidades, enquanto em outras é de 21 litros/vaca/dia. Temos produtores que não recebem assistência técnica, enquanto outros têm assistência de mais de quatro entidades. Então, precisamos que essas informações sejam trabalhadas nos municípios. É possível melhorar. Estamos na região do mundo mais propícia para a produção de leite à base de pasto –, concluiu Sangaletti, que deixou um convite à Amzop para trabalhar a temática.
 

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Fonte: Jornal O Alto Uruguai
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