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Conversa com especialista
Parkinson e a odontologia do cuidado
Por: Suseli Cristo
Publicado em: quarta, 15 de fevereiro de 2023 às 13:31h
Atualizado em: quarta, 15 de fevereiro de 2023 às 13:39h

Degenerativa, crônica, progressiva e de curso inexorável, a doença de Parkinson ocorre, geralmente, em pessoas acima de 65 anos. Nesses pacientes, o sistema nervoso sofre degeneração em uma região do cérebro chamada substância negra e, consequentemente, há deficiência de dopamina, neurotransmissor que possui a função de controlar os movimentos finos e coordenados das pessoas.
O tremor típico do Parkinson é o sintoma inicial da doença. Além disso, esses pacientes apresentam uma rigidez constante. Isso é explicado também pela ausência de dopamina no organismo, que deixa de enviar a ordem aos músculos para relaxar, levando a quadros de dor, pois a amplitude dos movimentos fica limitada.
Uma discinesia também é observada, especialmente, uma lentidão nos movimentos, frequentemente envolvendo a musculatura orofacial. Além dos sintomas motores apresentados, também pode vir a ter diversos sintomas não-motores de causas neurológicas, como demência, depressão, ansiedade, alucinações, alterações no sono, raciocínio lento, entre outros.
Portanto, à medida que a doença progride, o paciente perde a capacidade de realizar com precisão os movimentos da escovação e a tarefa tem que ser assumida pelo cuidador ou familiar. Alguns pacientes podem apresentar tremor em mandíbula e cabeça, rigidez de face e nuca que limitam a abertura de boca e que somado aos tremores em membros podem dificultar ainda mais sua higiene diária. Por todas essas impossibilidades, a frequência de visitas ao cirurgião-dentista deve ser aumentada, com intuito não só de manter a higiene, mas também acompanhar os trabalhos existentes na boca do paciente e tratar as novas doenças bucais.
Esses pacientes podem apresentar como novas doenças, adquiriras após diagnóstico do Parkinson, dor orofacial, desconforto na Articulação Temporomandibular (ATM), fratura dental, trauma dos tecidos moles, deslocamento de restaurações e falta de controle salivar. Vale lembrar ainda, que pelo menos 75% desses pacientes apresentam algum tipo de alteração de voz ou na fala.
Além dos aspectos físicos, visando saúde bucal, mastigação, fonação e deglutição adequadas, cabe ao dentista trabalhar o lado emocional do paciente. A incapacidade progressiva de realizar tarefas cotidianas simples afeta com frequência a autoestima do paciente e os quadros de depressão são comuns. Logo, o profissional deve prestar a sua contribuição em valorizar o ser humano de uma forma geral e em particular à saúde e estética da boca e dos dentes, preservando sua função o máximo de tempo possível diante do quadro.

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Colaborou
Matias Korsak 
Cirurgia Bucomaxilofacial e Implantodontia

Fonte: Jornal O Alto Uruguai
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