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Artigo do leitor
As desigualdades no acesso às tecnologias no processo educacional
Os textos de colunistas aqui publicados são de sua total responsabilidade e não refletem a opinião do jornal O Alto Uruguai
Por: Redação AU
Publicado em: terça, 29 de junho de 2021 às 10:03h
Atualizado em: terça, 29 de junho de 2021 às 10:05h

A pandemia impôs inúmeras perdas às famílias e à sociedade em geral: de vidas, de empregos, de rendas, de empresas e de equilíbrio emocional. Uma reflexão que se faz desse conturbado período nos leva à constatação de que as desigualdades sociais e econômicas ficaram mais claras a todos, bem como, acentuaram-se.
O desenvolvimento de um país passa, principalmente, pelo processo educacional da sua população. Desde o ano passado, a maneira de educar sofreu uma ruptura, o modelo tradicional, presencial, do quadro e giz, e outras técnicas então utilizadas nessa formação foi substituído pela necessidade de que alunos e professores ficassem em seus lares e exigiu-se que, a partir deles, houvesse a continuidade do processo de formação.
Essa mudança, adaptável com menor dificuldades por parcelas da população que já possuíam estrutura e acesso às ferramentas da tecnologia, não foram iguais para a maioria dos estudantes no Brasil.
Passou-se a exigir de alunos e famílias o acesso à rede mundial de computadores mediante o uso de equipamentos tecnológicos, como smartphones, notebooks, computadores, câmeras e outros, como o meio de dar continuidade ao necessário sistema de formação. Não se perguntou ou não se tinha as respostas ou o diagnóstico da situação de todos os alunos e de suas famílias.
A consequência dessa falta de diagnóstico e planejamento por parte dos gestores públicos impôs a uma parcela significativa da população uma exclusão da igualdade das condições de acesso ao ensino, acentuando ainda mais o abissal desnível entre os alunos, fruto das desigualdades sociais e econômicas até então vigentes.
Nesse contexto, torna-se necessário um novo olhar e atenção às estruturas educacionais, não somente das nossas escolas, mas, fundamentalmente, dos alunos e de suas famílias. Propiciar condições materiais e de acesso às modernas tecnologias, tanto no ambiente escolar como também no ambiente familiar, não pode ser entendido que são aspectos dissociados se queremos, efetivamente, elevar o nível educacional de uma população com expressivos resultados em termos de desenvolvimento de um país.
Assim, cabe a reflexão de nossos gestores públicos, com a efetiva participação das comunidades, no sentido de se priorizarem ações e aquisições que dotem de efetivas condições os seus alunos. Adoção de políticas de acesso às tecnologias, a realização de diagnóstico e cadastros das realidades individuais e o fomento à aquisição e disponibilização de equipamentos e meios de acesso como política pública.
Quando falamos ou escrevemos sobre educação e que essa deva ser uma prioridade, precisamos necessariamente sair do discurso para a prática. Dotar escolas, professores e alunos com a estrutura necessária à efetividade do processo educacional, ampliando isso como continuidade aos lares desses alunos e professores como mecanismo de elevação do país, Estados e municípios a outros níveis e patamares.
Portanto, não deve ser compreendido como desnecessário que recursos públicos sejam aplicados na compra de equipamentos de acesso às ferramentas de tecnologia (notebooks e assemelhados, incluídos planos de internet) e esses sejam disponibilizados para aqueles que necessitam que o poder público os auxilie para buscar uma igualdade digital no seu processo educacional.
Sabemos, enquanto sociedade, que investimentos em educação, porquanto não perceptíveis do ponto de vista de realizações físicas, muitas vezes, levam-se anos a dar resultados. Entretanto, a colheita desses resultados é imensamente superior do que as ações de cunho imediatista e, não raras, voltadas para a próxima eleição.

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Gerson Luís Batistella – Administrador (CRA/RS nº 15.523); coordenador regional do Tribunal de Contas do Estado do Rio Grande do Sul (TCE/RS); professor de Gestão Pública (URI/FW); professor/instrutor da Escola Superior de Gestão e Controle do TCE/RS.
gersonbatistella@outlook.com

 
 

Fonte: Jornal O Alto Uruguai
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