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Conversa com especialista
Setembro Amarelo: se precisar, peça ajuda!
Médicos psiquiatras Joana Cordeiro e Augusto Göller, que atendem na Clínica Santa Margarida, em Frederico Westphalen, trazem informações importantes sobre o tema
Por: Márcia Sarmento
Publicado em: sexta, 08 de setembro de 2023 às 16:27h
Atualizado em: sexta, 08 de setembro de 2023 às 16:45h

Com o slogan “Se precisar, peça ajuda!” ocorre neste mês, em todo o país, mais uma edição da campanha Setembro Amarelo de prevenção ao suicídio. O objetivo da iniciativa é chamar a atenção para a importância de discutir e promover ações a respeito do tema, já que, conforme dados da Organização Mundial de Saúde (OMS), são registrados mais 14 mil casos de suicídio por ano no Brasil.

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Por isso, é de extrema importância falar sobre o assunto, especialmente, quando é possível envolver especialistas e profissionais capacitados. “Com informação, as pessoas conseguem se cuidar melhor”, afirma a médica psiquiatra Joana Letícia Carvalho Cordeiro, que atende na Clínica Santa Margarida, em Frederico Westphalen.

O médico psiquiatra Augusto Göller chama a atenção para a simbologia da campanha Setembro Amarelo, que visa alertar sobre a importância da prevenção ao suicídio. “O suicídio deve ser tratado como uma emergência médica, ou seja, aquela condição em que minutos ou horas depois o paciente pode morrer, assim como em um infarto, um AVC, um acidente. A orientação é fundamental”, alerta.

Depressão é um alerta

A maioria das pessoas que tentam o suicídio passa por um episódio depressivo, na forma grave. É quando o indivíduo vive meses ou até anos com depressão e passa a ter pensamentos repetitivos, que são involuntários, com desejos de morte, de finitude e que depois evoluem para uma tentativa voluntária de acabar com tudo, de acabar com a vida. “As estimativas brasileiras mostram que 17% das pessoas, em algum momento, têm esse pensamento de tirar a própria vida. É algo que está muito prevalente na população, nas famílias”, adverte Joana.

É importante ficar atento para situações em que a pessoa começa a faltar atividades rotineiras, como escola ou trabalho; quando muda o ritmo de sono, da alimentação, fica muito isolada, irritada ou agressiva – podendo ser comportamentos simultâneos. “E isso vem acompanhado de frases como chega dessa vida, não quero mais viver, quero sumir, quero me enfiar em um buraco, quero que Deus me leve. Quando avaliamos essa morte trágica, é possível identificar que foram dados esses sinais. Se você vive essa situação ou conhece alguém que mostra esses sinais é preciso buscar ajuda”, orienta a médica.

Mitos precisam ser expostos

Infelizmente, além do assunto ser ainda um tabu para muitos, existem mitos sobre o suicídio que dificultam ainda mais que as informações verdadeiras possam auxiliar pessoas e famílias no enfrentamento do problema. Um deles é pensar que se o indivíduo anuncia a intenção de cometer o suicídio está querendo chamar a atenção e não vai seguir adiante. “Isso é um mito. Toda e qualquer situação em que a pessoa sinalize alguma ideia desse tipo deve ser tratada como uma emergência”, orienta Göller. 

É possível identificar sinais

Estão entre os casos de maior risco estão pessoas com algum tipo de transtorno mental, transtornos de humor – combinados com episódios de depressão, seja unipolar ou bipolar –, e que começam a manifestar que a vida já não vale mais a pena, que seria melhor se pudessem acabar com tudo. “São pessoas que começam a pensar sobre querer morrer e que podem passar a ter um pensamento de suicídio. Então, não se deve menosprezar um episódio depressivo ou manifestação de ideia de suicídio”, esclarece o psiquiatra.

Outro mito é pensar que falar sobre suicídio vai incentivar alguém a se suicidar ou vai aumentar a intencionalidade de uma pessoa que já está com ideias de suicídio. “Falar sobre suicídio faz parte da prevenção. Normalmente, quando uma pessoa tem uma ideia suicida, ao dar abertura para que ela fale sobre isso, podemos prevenir que ocorra”, destaca Göller.

Como ajudar

Familiares e conhecidos também podem ajudar. A pessoa que está em sofrimento mental quer ser ouvida. “Não há um protocolo para isso. Se você identificar que alguém está sofrendo, a ideia é, justamente, se colocar à disposição para ouvir. E a partir do momento em que considerar apropriado, conduzir essa pessoa para um atendimento especializado, frisa Göller.

E nesse momento, saber escutar é fundamental. “É necessário escutar com atenção, com compaixão, empatia, sem julgamentos, fazendo com que a pessoa possa se sentir acolhida, para que ela se esvazie desse conteúdo que machuca. Muitas pessoas têm essa habilidade de forma natural”, pondera Joana.

E se não há familiares ou amigos para escutar, ainda existe o serviço do Centro de Valorização à Vida, que funciona 24 horas por dia. O número é o 188. Assim, é possível conversar com pessoas treinadas para ouvir e orientar.
 
Importância do atendimento especializado

A melhor forma de se ajudar ou auxiliar alguém que enfrenta essas situações é procurar ajuda profissional, seja um psicólogo ou psiquiatra. “Essa fase nem sempre é fácil porque muitas pessoas não querem chegar nesse passo. Ao desabafar com alguém, a pessoa acha que não vai mais pensar sobre isso. Mas, infelizmente, o pensamento volta. A mudança não é uma decisão, é um processo que tem várias etapas. E para que isso ocorra é preciso um time, os amigos, a família, o próprio paciente, o médico e o psicoterapeuta. Então, é muito importante convencer essa pessoa a procurar a ajuda profissional”.  finaliza Joana.

Contatos

Telefone: (55) 3744.6650

WhatsApp: (55) 9.8468.6650

Instagram: @joanacordeiropsiquiatra / @augustogoller

 

Fonte: Jornal O Alto Uruguai
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