Você reza O Pai Nosso?
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sexta, 11 de abril de 2025

Tenho certeza absoluta que todo o benévolo leitor responderá afirmativamente. Talvez, como eu, o faça maquinalmente, sem se deter em algumas frases que ouso sublinhar. Comecemos com a palavra PAI. Só chama alguém de PAI, a pessoa que for seu filho. Você já pensou sobre a importância desta PESSOA, que é o criador de todo o universo, de toda a humanidade, rei de todas as nações, com poder total e absoluto de fulminar qualquer criatura humana ou material apenas com um simples olhar? Às vezes, o nosso pai não é alguém destacado na sociedade, nem desfruta de profissão significativa, não cursou faculdade e até pode ser analfabeto. Mas é nosso pai e nós o amamos. Agora, este outro Pai, que invocamos diariamente, é a suprema Autoridade, e que ME criou do nada, podendo eu nunca ter nem existido. E eu sou SEU filho.

SEJA FEITA A VOSSA VONTADE – A gente reza que a SUA vontade se cumpra. Contudo, estamos sempre reclamando, nos infortúnios, nas doenças, nas desgraças e até no tempo que chove demais ou faz muito calor. Uma santa escreveu: “Deus faz o que quer. Senhor, que eu QUEIRA o que TU fazes”. E São Pedro nos lembra: “Deus usa de paciência, porque não quer que NINGUÉM se perca” (2Pd 3,9). “E que a terra não mais seja diferente do Céu” (São João Crisóstomo).

O PÃO NOSSO DE CADA DIA NOS DAI HOJE – Eu duvido que qualquer cidadão, em qualquer beco do universo, que rezar diariamente o Pai Nosso, venha a passar fome. Eu duvido que um homem que é pai, deixe faltar comida a um filho que lhe pede comida. Cristo afirmou que não devíamos nos inquietar, nos angustiar, nos preocupar com o dia de amanhã, pois se “Ele não deixa um passarinho morrer de fome, faz brotar uma flor que hoje viceja e amanhã está morta, quanto mais não cuidará de nós que somos SEUS filhos?” (Lc 12,24) São Bento, todavia admoesta: “Rezai como se tudo dependesse de Deus e TRABALHAI como se tudo dependesse de vós”. Quanto a isto, a Bíblia é eloquente, afirmando que “o ócio é a mãe de todos os vícios”, e chega a comparar “o preguiçoso a um monte de merda” (Eclo 22,2). “A porta gira em seus gonzos, e o preguiçoso em sua cama” (Pro 26,14).

PERDOAI AS NOSSAS OFENSAS – Me perdoem, prefiro comentar a tradução antiga: Perdoai as nossas dívidas. Entendo que é muito mais difícil perdoar dívidas do que ofensas. Percebe-se hoje, mesmo entre os católicos, um relaxamento financeiro. Não estamos muito preocupados em saldar os nossos débitos. Muitos acusam o sistema, como causa das desigualdades. Outros não pagam o banco, porque ele é rico e eu sou pobre. Esquecem os impostos, porque o governo é corrupto. Até o dízimo é deixado de lado. A palavra e o compromisso do cristão deviam ser sagrados. “Não devais nada a ninguém” (Rm 13,8). Não se faz negócio e não se empresta dinheiro, se não tiver segurança e avalista. Não é desculpa, mas certa vez um cidadão me disse que não ia mais à missa porque aquele que lia a epístola, lhe devia uma conta e nem na Justiça pagava. Nós, hipocritamente rezamos: “Senhor, perdoai-nos COMO nós perdoamos”!

(Homenageio nesta coluna a uma jovem RUBIN, de 17 anos, moradora de Caiçara).

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