Como enfrentar o filho?
Os textos e artigos aqui publicados são de inteira responsabilidade de seus autores, e não traduzem a opinião do jornal O Alto Uruguai e seus colaboradores
sexta, 11 de julho de 2025

Fiz a pergunta, mas não sei a resposta. Declaro que por mais que me cubra de roupas, continuo passando frio. Este início de inverno foi uma bofetada no cidadão. Alguns já apelidaram o nosso Estado de “Frio Grande do Sul”. Outros adjetivaram a nossa cidade de “Frigorífico Westphalen”. Existem pessoas que, pelo seu biotipo, aguentam mais o frio. Eu, em todo o caso, estou no outro extremo: o frio me congela dos pés à cabeça, o corpo inteiro. É um sofrimento total. De quebra, o bobo decidiu, a mais de ano, só tomar banho frio. Se não fosse pelos compromissos, e até por um pouco de vergonha, ficava na cama a manhã inteira. Imagino os que trabalham na lavagem de carros e nas oficinas, todos engraxados! Estes têm o céu garantido.

Nossa cidade exibe prédios bonitos e soberbos. Impressiona quem vem de fora. Ostenta ares de metrópole. Todavia, perguntaria aos competentes engenheiros: não conseguem planejar um apartamento aquecido? A maioria são iglus, a casa dos esquimós. Até lá na Antártida, tenho certeza que sofrem menos frio. A nós, mandam instalar um aquecedor. Sim, um na cozinha, outro no quarto, outro na sala. No fim do mês, a continha da luz nos congela o saldo bancário. Mandam colocar fogão a lenha. E a chaminé para onde jogará a fumaça? Se o prédio possui vários apartamentos!!!

Vestimentas? Ando com meio guarda-roupa: é ceroula, calça, meia de lã, camiseta, camisa, pulôver, blusa, casacão, gorro, bota forrada – e saio na rua – o inverno ri da minha cara. E nem vamos falar das mazelas próprias do inverno: gripes, tosses, resfriados, nariz escorrendo, febres, chicunguias, etc. etc. E haja remédios, antibióticos, Vitamina C e assemelhados que fazem o orgasmo das farmácias. Os hospitais não têm mais leitos disponíveis de tanta gente internada. E o cúmulo, falar com alguém que ainda blasfema: “Eu prefiro o inverno do que o verão”...

Diz a Bíblia que no inferno haverá fogo e ranger de dentes. Se por uma desgraça, o que não acredito pela misericórdia divina, a gente cair lá, e tivermos de enfrentar o fogão dos diabinhos, pensem no sofrimento. Mas, se por ventura, ao invés de fogo houver gelo... Senhor, tende piedade de nós. Notem que a diferença entre inFerno e inVerno é de apenas uma letra. E os governos suspendam as verbas de cultura, esporte, viagens e asfaltos e construam abrigos para estes cristos que não morrem na cruz, mas são crucificados nas calçadas, sem teto e congelados.

Por estas e por outras, também não se pode esquecer que este frio glacial mata os mosquitos, as dengues, os micróbios e toda aquela bicharada que faz carnaval no verão. A agricultura e inúmeras frutíferas oferecerão produtos de melhor qualidade. Deus fez o mundo perfeito. O homem é que o degradou. E as dificuldades e sofrimentos que nos assaltam reforçarão o caráter, enrijecerão a vontade, e nos farão mais hercúleos, que a sociedade não precisa de bunda mole. E ainda temos lucro: ofertar nossas dores Àquele que morreu crucificado. São Paulo nos aconselha: “Quer comais, quer bebais, quer façais qualquer outra coisa, fazei tudo para a glória de Deus. Em tudo DAI GRAÇAS” (1 Cor 10, 38). O frio que padecemos é poupança para a eternidade. Mas modera, São Pedro, que o saldo já deve estar razoável...

Fonte: