O Rio Grande do Sul, do qual a gente se ufanava, dá a impressão de que, de alguns anos para cá, murchou. Comecemos com o futebol. Nossas potências esportivas Grêmio e Inter despencaram. Nossos atletas somente exibem títulos DE ELEITOR. Para desfilar com troféus, só marchamos no Sete de Setembro. A Gestão Barcellos, durante cinco anos, apenas comemorou a taça de um Gauchão. Em contrapartida, temos um déficit de R$ 1,25 bilhão. O Grêmio possui estádio agora, porque um patriota pagou a dívida com a construtora. E para tristeza dos gremistas, trocaram um terreno no centro por um local fora da capital. Em matéria de futebol, no Brasileirão, ambos estão mais próximos da rabeira do que da cabeça.
Politicamente, o Rio Grande era o Estado que mais colocava presidentes no Palácio da Alvorada, destacando-se a imponente figura de Getúlio Vargas, embora este também deixou o Catete com um tiro na cabeça, no fatídico 24 de agosto de 1954. Nosso Estado produzia políticos ilustres como Alberto Pasqualini e Tarso Dutra. Atualmente, nossos representantes são de baixa estatura cívica.
A agricultura, outrora celeiro do país, amarga perdas irreparáveis no trigo, na soja, no gado e na suinocultura. Somos castigados pelas intempéries. Quando não falta água, falta sol. E para completar este quadro desolador, há pouco, na Grande Porto Alegre, a enchente levou de roldão casas e salários, deixando na miséria inúmeros riograndenses. Parece que São Pedro, nosso patrono, perdeu para São Paulo o status de primazia no panorama celestial.
No setor da saúde, a capital, outrora ‘mui leal e valerosa’ foi classificada como a primeira no Brasil inteiro, na incidência de HIV, segundo notícias de nossos jornais. Mesmo em nossa região, a população não mais exibe aquela compleição hercúlea, que enfrentava tudo o que era doença e contratempos. É só dar uma espiada em nossos hospitais e postos de saúde, sempre abarrotados.
Frederico Westphalen, a Princesa do Alto Uruguai, apesar de se orgulhar dos soberbos prédios que sobem para o céu, já vai algum tempo, a população estagnou nos 32 mil habitantes. Em comparação, Chapecó triplicou seus moradores. E isto que, conforme relatos de um passado não muito longínquo, muita gente de lá atravessava o Uruguai para fazer comprar em Iraí. Hoje, o nosso orgulhoso balneário cedeu seu campo de aviação para o domínio indígena.
Não sou doutor, não sou pós-graduado, não sou expert na área econômica, mas ousaria sugerir aos nossos administradores municipais que invistam na industrialização. Fortifiquem as empresas aqui enraizadas e tragam novas indústrias para o município. Elas fazem crescer o PIB, a riqueza dos cidadãos, geram empregos e produzem tributos. Seria útil dar uma espiada no Estado vizinho e constatar a causa do seu desenvolvimento. Só assim, poderemos novamente gritar: “Rio Grande, de pé pelo Brasil”. No momento, ao entoarmos no Hino Riograndense, “o sirvam nossas façanhas de modelo a toda a terra” – ao invés de estufarmos o peito, temos de baixar a cabeça, com sinais indisfarçáveis de humilhação e vergonha.