Você tem a sensação de que o dia está cada vez mais corrido? Que não dá tempo de fazer tudo e que as horas simplesmente voam? Ou talvez o contrário: sobra um tempinho, mas as pessoas ao seu redor parecem sempre ocupadas demais. E quando finalmente conseguem se reunir, cada uma está com o celular na mão…
Para quem trabalha, então, a correria é ainda maior: tem horário para cumprir, meta para bater e, muitas vezes, tudo isso enquanto responde mensagens no WhatsApp. Se demorar, ainda vem aquele famoso ponto de interrogação de quem não tem paciência de esperar! E quando saímos na rua, é uma farmácia em cada esquina. Sem falar na quantidade de pessoas, muitas delas jovens, que já fazem uso de remédios controlados.
Falando em juventude, ansiedade e estresse são palavras cada vez mais comuns entre a geração Z. Uma pesquisa mundial feita pela Ipsos e divulgada no relatório World Mental Health Day mostrou que o Brasil é o 4º país mais estressado do mundo, atrás apenas de Suécia, Turquia e Polônia. Além disso, 54% dos brasileiros já consideram a saúde mental o principal problema de saúde no país, um salto enorme em relação a 2018, quando esse número era de apenas 18%.
Outro dado importante: 77% dos brasileiros já pararam para pensar sobre a importância de cuidar da saúde mental. Dá para dizer que 7 em cada 10 pessoas têm falado sobre ansiedade, estresse e até depressão. E esses sintomas aparecem com mais força entre as mulheres, especialmente as mais jovens: 46% delas relatam que o estresse afeta diretamente a rotina, contra 33% dos homens da mesma faixa etária.
Esse tema é cada vez mais sensível e já preocupa tanto quanto doenças como o câncer. Em 2024, o Brasil registrou cerca de 472 mil afastamentos por problemas de saúde mental, um aumento de 68% em relação a 2023, sendo a ansiedade e depressão os transtornos mais comuns.
Diante desse cenário, o governo federal atualizou a Norma Regulamentadora nº 1 (NR-1), que trata da segurança e saúde no trabalho. Agora, as empresas são obrigadas a mapear e gerenciar riscos psicossociais como estresse, assédio e sobrecarga, e criar ambientes mais saudáveis.
Mas a lei, por si só, não resolve tudo. A vida digital trouxe novos desafios: excesso de conectividade, bombardeio de informações, exposição constante nas redes sociais e a mistura entre vida pessoal e profissional. Tudo isso afeta a saúde mental muito além do ambiente de trabalho.
Por isso, é essencial que essa norma dialogue com a realidade atual. O cuidado com a saúde mental precisa ser coletivo e integrado: empresas comprometidas, escolas preparadas, famílias atentas, redes de apoio atuantes e plataformas digitais engajadas em reduzir danos.
Diante de tudo isso, talvez seja hora de cada um de nós parar um pouco e revisar as próprias prioridades. A correria, a pressão, os compromissos, tudo isso tem seu lugar, mas não pode ocupar o espaço do que realmente importa. Precisamos olhar com mais carinho para o que somos de verdade e não apenas para o que parecemos ser.
Cuidar da mente é também cuidar da alma. É se permitir desacelerar, se reconectar com o que faz sentido, com quem nos faz bem. É entender que não estamos sozinhos e que pedir ajuda não é fraqueza, é coragem.
Que a gente possa viver menos para o feed e mais para o afeto. Menos para o relógio e mais para o coração. Porque, no fim, o que sustenta mesmo é aquilo que vem de dentro.