Setembro comunica a quem habita no Hemisfério Sul, que a primavera se aproxima com seus dias de temperatura amena e campos floridos. Mesmo para quem aprecia os dias frios, a chegada da primavera é um prenúncio de renovação, de abrir a casa e de se ocupar com o jardim. Setembro também chega vestindo amarelo, como forma de conscientizar a sociedade na prevenção contra o suicídio. Associar cores a meses tem sido uma forma de alertar as pessoas sobre alguma causa, estimulando a conscientização e a solidariedade. Entretanto, cuidados e prevenção de quaisquer naturezas devem ser discutidos o ano inteiro, como o evocado em setembro, sobre o suicídio.
A origem do “Setembro Amarelo” surgiu em 1994, com a morte de um jovem americano cujo os amigos no seu funeral, tiveram a ideia de montar cestas com cartões e fitas amarelas, com a mensagem: “Se precisar, peça ajuda”. A partir de então, a fita amarela passou a ser símbolo de movimentos e campanhas na prevenção contra o suicídio, de modo que em 2003, a Organização Mundial da Saúde (OMS) instituiu o Dia Mundial da Prevenção do Suicídio. Segundo dados de março de 2024, do Centro de Integração de Dados e Conhecimentos para Saúde (Cidacs/Fiocruz Bahia) em colaboração com pesquisadores de Harvard, a taxa de suicídio entre jovens cresceu 6% ao ano no Brasil entre os anos de 2011 e 2022. Já as taxas de notificações por autolesões na faixa etária de 10 a 24 anos, aumentaram 29% a cada ano nesse mesmo período.
No ambiente organizacional, a Norma Regulamentadora NR-01 dispõe sobre a segurança e saúde no trabalho (SST) no Brasil, com o objetivo de prevenção de acidentes e doenças ocupacionais, através da criação do Programa de Gerenciamento de Riscos (PGR). Em maio de 2025, a norma foi atualizada e passou a exigir das empresas um plano de gestão de risco para fatores psicossociais como: estresse, burnout, assédio moral e pressão excessiva. As empresas terão um ano para se adaptar às atualizações da NR-1, como forma de prevenir danos que afetam a saúde mental dos trabalhadores.
O Centro de Valorização da Vida (CVV) trabalha para promover o bem-estar das pessoas e prevenir o suicídio, realizando apoio emocional e prevenção do suicídio, atendendo 24h por dia de forma voluntária, gratuita e sigilosa quem precisa conversar, através do número 188 (ligação gratuita a partir de qualquer linha telefônica fixa ou celular), Chat ou e-mail (www.cvv.org.br). No entanto, o uso desses serviços são um complemento no apoio emocional, sendo recomendado procurar um profissional de saúde para um cuidado mais completo da saúde mental.
A ideia de suicídio pode afetar qualquer indivíduo embora possa se acentuar por discriminação por orientação sexual e identidade de gênero, com a perda de emprego, por conflitos familiares, por doenças crônicas, por agressões físicas e psicológicas ou pela perda de um ente querido entre outros fatores. Falar sobre suicídio não deve ser tabu tampouco alvo de preconceito, sendo a escuta ativa e solidária, o primeiro passo quando percebemos que algo não está bem com alguém. É o escutar sem juízo, acolhendo sem críticas e oferecendo informações sobre ajuda profissional. Então, se precisar de ajuda, não se cale. Procure alguém de sua confiança ou ajuda profissional. Se identificar alguém que esteja em sofrimento, ajude. Não deixe que sua última tentativa de contato com o mundo seja o suicídio.
