Papo de Bola
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sexta, 29 de agosto de 2025

Talvez...

 

 

Um passatempo que volta e meia gosto de fazer é assistir vídeos antigos de futebol no YouTube. Um saudosismo que me faz dar uma relaxada bem intensa. Nessas horas boa parte do meu passado bate em minha porta, pede licença, senta na minha sala e toma um café comigo. Tipo isso.

 

Dias atrás estava vendo a garfada histórica que deram na Alemanha, na Copa de 1966, quando o jogador inglês chutou, a bola tocou em cima da linha, o auxiliar correu para o centro e o juizão validou o gol. Inglaterra, dona da casa, campeã do mundo, talvez um dos jogos mais vergonhosos da história do futebol.

 

Pegando esse jogo como referência, veio em minha mente um questionamento: e se o VAR existisse desde sempre? Seria impossível publicar em uma coluna de jornal tantos jogos que poderiam ter sido alterados e, na carona, tantas histórias que seriam modificadas.

 

Talvez a Argentina não fosse a campeã de 1986, pois o gol de mão do Maradona contra a própria Inglaterra (vejam só?) seria anulado. E nós também não somos santos, pois Pelé seria expulso na semifinal de 1970 contra o Uruguai, já que nosso amigo da cabine chamaria o juizão para dedurar uma cotovelada no rosto do defensor uruguaio. Talvez nosso Tri tivesse ficado apenas em sonho, pois, mesmo que passássemos, não teríamos o Rei na final, diante da Itália.

 

Aqui nas nossas bandas tivemos várias situações favoráveis e desfavoráveis. Talvez o Grêmio não seria campeão da América em 1995 se o VAR dedurasse o Danrlei no jogo de ida contra o Palmeiras e ambos ficassem com nove em campo. Talvez aquele 5 a 0 não tivesse sido o placar final e as coisas mudassem. Mas o tricolor também foi prejudicado seriamente, como diante do Flamengo na final do Brasileirão de 1982, quando o Andrade colocou a mão na bola em cima da linha e o jogo seguiu. Talvez saísse o gol ou um pênalti junto com uma expulsão e o título daquele ano ficasse por aqui.

 

Talvez o Inter não tivesse vencido a Copa do Brasil de 1992, pois até hoje se questiona o pênalti em cima do zagueiro Pinga. Talvez o árbitro pudesse confirmar a marcação ou talvez mudasse de ideia e o desfecho fosse outro. E a entrada do Fábio Costa no Tinga, naquele Corinthians e Inter de 2005? Talvez o Brasileirão daquele ano fizesse morada no Beira-Rio e talvez a bela carreira do árbitro Márcio Rezende de Freitas não ficasse com a mancha que acabou ficando.

 

Teríamos muitas partidas e polêmicas para debater. A ideia foi levantar alguns jogos que poderiam ter mudado a história de modo geral – e certamente as cornetas aqui no nosso chão – se o VAR tivesse sido inventado com antecedência. A parte boa de não ter sido é que o Tri no México está garantido. Seria um pecado se aquele timaço ficasse de mãos abanando. Ficamos, assim, no campo da suposição, no campo do talvez. Talvez seja melhor assim.

 

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