A maioria da população brasileira não se interessa muito por política, menos ainda por política internacional. No entanto, a atual conjuntura mundial tem interferido na economia local, gerando preocupação entre os eleitores e provocando desde postagens nas redes sociais até conversas em mesas de bar. Afinal, quando o governo americano impõe tarifas, altera regras comerciais ou interfere na economia global, o brasileiro sente os reflexos no bolso.
A pesquisa da Quaest, realizada em outubro de 2025, investigou como o brasileiro enxerga a relação do país com os Estados Unidos. As perguntas abordaram temas recentes, como o encontro entre o presidente Lula e o presidente americano Donald Trump durante a Assembleia Geral da ONU, as tarifas impostas por Trump a produtos brasileiros e o discurso de Lula no evento internacional.
O estudo identificou que 57% dos brasileiros ficaram sabendo que Trump elogiou Lula e 49% tiveram a percepção de que Lula saiu fortalecido do encontro. Para 52%, o discurso de Lula pode ser considerado como bom. Neste sentido, analistas internacionais consideram como o melhor discurso proferido por Lula, na ONU.
Quando questionados sobre uma possível reunião entre os dois presidentes, há uma divisão: 46% acreditam que Lula deveria se esforçar para mobilizar a reunião e 44% da população mostra-se reticente, afirmando que Lula deveria ser cuidadoso e esperar mais. É importante observar que a pesquisa demonstrou que a maioria da população 65% acredita que o tom da conversa precisa ser amigável.
O encontro entre Lula e Trump gerou diferentes interpretações. Parte dos brasileiros entendeu o gesto como algo natural da diplomacia, um diálogo entre líderes de países importantes. Outros viram o episódio como um movimento político e estratégico, uma forma de Lula se posicionar diante da nova fase da política internacional, marcada por tensões econômicas e disputas comerciais.
A pesquisa também analisa como o brasileiro percebe o peso dos Estados Unidos na economia nacional. A maioria reconhece que as decisões americanas acabam influenciando a vida no país, afirmam que os EUA têm forte influência econômica sobre o Brasil. Essa percepção se torna mais clara quando o eleitor associa medidas externas, como as tarifas impostas por Trump a produtos brasileiros, a possíveis efeitos sobre o emprego e as exportações.
Por fim, a pesquisa perguntou sobre o discurso de Lula na ONU, que tratou de temas como paz, soberania e desigualdade entre as nações. Apenas 44% dos entrevistados ficaram sabendo do discurso, entendendo que ele buscou afirmar a importância do Brasil como voz independente no cenário mundial.
Há uma nova variável em jogo: caso as decisões dos Estados Unidos continuem repercutindo no Brasil, podem influenciar o voto em 2026. Por isso, o tema da relação com os EUA deixa de ser algo distante e passa a fazer parte da conversa política dentro de casa.
A eleição do próximo ano pode refletir essa influência: de um lado, quem vê os Estados Unidos como referência de mercado e poder; de outro, quem defende uma posição mais independente e soberana. Se o impacto econômico americano seguir forte, a ideia de um voto alinhado, em sintonia com as forças internacionais de direita ou de esquerda, pode ganhar espaço na narrativa dos políticos e influenciar a escolha do eleitor brasileiro.