Hoje em dia está cada vez mais difícil confiar nas pessoas, imagina nas instituições! Quando pensamos nas relações interpessoais, estamos mais vulneráveis a notícias falsas, golpes virtuais e à superficialidade das conexões.
No caso das instituições, a desconfiança da população nasce de experiências negativas, da frustração com a piora dos serviços públicos, da convicção de que políticos não cumprem o que prometem e da sensação de que as instituições não estão a serviço da população, em um cenário em que a burocracia e a lentidão justificam a ideia de que o tempo do serviço público não é o tempo do cidadão.
Quando um instituto de pesquisa de opinião vai às ruas para escutar os sentimentos da população, especialmente sobre confiança nas instituições, encontra uma cultura política marcada pelo ceticismo, pela descrença e por uma crítica constante. Mas, como o brasileiro não desiste nunca e a esperança faz parte da nossa essência, sempre há quem confie e sempre existem instituições que merecem confiança.
A última pesquisa nacional realizada pela Quaest sobre confiança nas instituições, divulgada em agosto de 2025, utilizou o Indicador de Confiança Líquida, que mostra o saldo entre quem confia e quem desconfia de uma instituição. Quando o número é positivo, há mais confiança; quando é negativo, prevalece a desconfiança. É um termômetro que revela como a sociedade enxerga suas instituições.
Os resultados mostram que algumas instituições estão com saldo positivo e outras com negativo, em percentuais:
Igreja católica = +48; Polícia Militar = +43; Forças armadas = +42; Igrejas evangélicas = +33; Prefeito da cidade = +28; Imprensa = +10; Presidente da República = +10; STF = +3; Congresso Nacional = -7; Redes sociais = -16 e Partidos políticos = -27.
Segundo os dados, os maiores índices médios de confiança da população estão nas forças de segurança, como a Polícia Militar e o Exército. Em seguida, vêm as igrejas, tanto a católica quanto as evangélicas. O Executivo aparece no terceiro grupo, representado pelos prefeitos e pelo presidente da República. A desconfiança começa a crescer quando a população pensa no STF e se torna negativa quando a avaliação é sobre o Congresso Nacional. Mas é importante destacar que as instituições com os piores graus de confiança são os juízes de futebol, as redes sociais e os partidos políticos.
Os partidos políticos merecem uma análise à parte. Detêm uma confiança líquida negativa de -27%, mesmo sendo corresponsáveis por definir os rumos da nação e por estabelecer o que podemos ou não fazer. O princípio diz que confiar nas instituições ajuda a manter a justiça, a paz e o bem-estar de todos. Quando confiamos, a sociedade funciona melhor e ninguém se sente sozinho diante dos desafios.
Para isso acontecer, os partidos teriam que se reinventar: ampliar sua aderência social, engajar mais a população e garantir que as promessas sejam cumpridas. Não há lei que obrigue os políticos a cumprir suas promessas eleitorais, mas, do ponto de vista moral, o eleitor espera que a ética e a transparência sejam elementos básicos de qualquer político. Logo, a desconfiança da população é resultado dessa diferença entre o que deveria ser e o que realmente é.