A 40ª Feira do Livro exibe a potência cultural da cidade
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sexta, 31 de outubro de 2025

Deixando o ufanismo de lado, pode-se afirmar sem falsa modéstia que a Feira do Livro expôs o potencial dos talentos que a cidade abriga, frequentemente ignorados, por não terem palco para sua exibição. Embora a estrutura arquitetônica sob a qual se desenrolaram as apresentações estivesse impecável, urge a construção de uma concha acústica no coração da urbe para definitivamente acolher tantos e tão maravilhosos eventos. Com a palavra o dinâmico prefeito e seu secretário engenheiro civil Cadore!

Não comentarei os eventos da feira efetuados de manhã e à tarde. Restrinjo-me à noite, afinal os compromissos no Sorriso requerem minha presença! Os trabalhos foram sempre conduzidos pela competência e maestria do Danilo André Gregory, entremeados pela trovejante voz do radialista Adelar de Freitas.  Abriu a feira, a cantora Evelin Karoline, certamente prima do Pavarotti, que fez ecoar na plateia seu potente timbre vocal. A seguir, o grupo teatral NOVOS LOUCOS POETAS, nada loucos mas muito poetas, interpretou “AQUELE LUGAR” sempre ritmado pelo piano. O Coral da URI provou mais uma vez que a cidade é pequena para restringir sua maestria aos limites do município. No encerramento, a Banda Marcial do Roncalli sacudiu o público pela sua frenética apresentação, lembrando o Gre-Nal cívico do Sete de Setembro entre as bandas do Roncalli e do Auxiliadora. Parabéns ao maestro Márcio Pereira. Fechou o expediente, o gauchesco Rock Farrapo. A professora Ophélia, digna patronesse da feira, foi agraciada com merecidíssimas homenagens. Agradeceu a todos, entre rosas e emoções. O prefeito Orlando Girardi pingou o ponto final do primeiro ato.  Ele fala bem quando escreve seu discurso; fala melhor quando improvisa.

O segundo dia da 40ª Feira do Livro foi aberto com a ‘jovem’ Cârmen Haubert declamando “Meus Oito Anos”, de Casemiro de Abreu. A seguir, o Grupo teatral TIMBRE DE GALO presenteou a plateia com a peça “O Bilhete” esbanjando extraordinária arte cênica e atualíssimo repertório familiar. O final foi interrompido por razões técnicas. O público se frustrou por não saber se o “O Bilhete” fora ou não premiado. Desceu o pano do 2º ato da feira a Juvenil Escola de Dança EM CENA.

O terceiro dia pode ser sintetizado pela palestra da jornalista Alice Bastos Neves que, por mais de uma hora, manteve o auditório em suspense. “Todos têm uma história, mas não se deve deixar cair no lixo. Famoso atleta de futebol, colega do Ronaldinho, acabou gari. No momento de Alice decidir entre os desafios da profissão e da família, foi sua mãe que a impulsionou com a palavra VAI. CORAGEM deve ser o nosso lema. Mais importante do que acertar ou errar é TENTAR. Sofreu 13 cirurgias e é vítima de câncer de mama. Perdeu o cabelo e os cílios e se obrigou a usar peruca. Alertou que uma em cada oito mulheres têm ou terão câncer. Todavia, se diagnosticado cedo, 95% tem cura”. Por conhecer os meandros do futebol, achei que nos traria a solução para o Grêmio e o Inter. Até ela desanimou, adotando o União, como seu clube preferido. Se a 40ª Feira contasse apenas com a fala da Alice, já teria valido a pena.

O quarto dia, fechamento da 40ª Feira do Livro, como cereja do bolo, surpreendeu o auditório com a figura didática, humana e carismática da professora doutora Sara do Vale. Pelos seus dotes, experiência e títulos ensinou a todos como se ministram conteúdos, se domina uma sala de aula, especialmente para as classes infantis, apelando para o musical e o lúdico. Acredito que a SMEC tenha convidado os professores para este gratuito aprendizado. Os alunos, da primeira a terceira idade, vibravam com a performance da palestrante. É obrigação parabenizar a secretária da Educação, Maristela Piovesan de Freitas, pela impecável organização da 40ª Feira do Livro. Certos capítulos do evento poderiam ser copiados pelo MEC para que adentrassem nas escolas do Brasil. O mote da feira diz tudo: “Quem escreve um livro constrói um castelo; que o lê, habita nele”. Senhora secretária: A senhora mudou o status da cidade. Não somos mais a Princesa do Alto Uruguai. Agora Frederico Westphalen é a RAINHA.

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