No dia a dia, seja em casa, no trabalho, na escola ou nas ruas da cidade, vivemos momentos que nos enchem de orgulho e outros que nos decepcionam. Essas percepções viram assunto em conversas, confidências e até desabafos nas redes sociais.
De tempos em tempos, o IPO – Instituto Pesquisas de Opinião vai às ruas para descobrir o que faz o gaúcho se sentir bem e o que mais o incomoda. O que mais desperta orgulho são as características do próprio povo: força, solidariedade, união e capacidade de recomeçar. Esse sentimento aparece em primeiro lugar, seguido pela valorização da história e das tradições. O gaúcho se vê como protagonista da sua trajetória, resiliente e trabalhador, mesmo quando o cenário externo não oferece motivos para comemorar.
Os entrevistados gostam de responder essas perguntas e têm na ponta da língua aquilo que os chateia. Os estudos do IPO mostram que temas de grande repercussão nacional, como a recente operação policial no Rio de Janeiro, que resultou na morte de 121 pessoas e foi considerada a mais letal da história do país, acabam influenciando o olhar da população gaúcha, especialmente em áreas como saúde, educação e segurança.
E é justamente a segurança pública o que mais preocupa hoje. A sensação de insegurança é o que mais entristece o gaúcho. Moradores de muitas cidades do Estado convivem com episódios de violência, sabem quais bairros são mais perigosos e até citam os nomes das facções que dominam certas áreas. Em média, 2 em cada 10 gaúchos dizem que esse tema os incomoda, número que cresce em Porto Alegre e na região metropolitana.
Ao mapear essa sensação, o IPO avalia o sentimento de segurança em diferentes espaços: dentro de casa, na rua onde se vive, nas ruas próximas, no bairro e no centro da cidade. A casa ainda é vista como um refúgio seguro pela maioria. Mas, conforme o entrevistado se afasta da sua rua, a sensação de insegurança aumenta. O centro das cidades é o local onde as pessoas se sentem mais vulneráveis.
Não por acaso, é justamente o centro que mais demanda presença da segurança pública e da polícia militar. Quando o cidadão percebe que não há policiamento visível no centro, conclui que a segurança deve ser prioridade dos prefeitos. E se alguém diz que essa responsabilidade é do governo estadual, os entrevistados são diretos: “Então o prefeito que vá cobrar o governador”.
A insegurança não é apenas uma questão de estatística, mas de percepção, que é influenciada pelo que acontece na realidade em que a pessoa vive e é potencializada pelo noticiário. E essa percepção é construída no cotidiano, nas experiências vividas e compartilhadas. Quando o gaúcho sente que não pode circular com tranquilidade, que precisa evitar certos horários ou locais, isso afeta sua qualidade de vida. E esse sentimento, mais do que qualquer outro, é o que mais entristece.