Como era Belém no tempo de Jesus?
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sexta, 19 de dezembro de 2025

Quando Jesus nasceu, Belém possuía, aproximadamente, mil habitantes. Ficava situada a oito quilômetros de Jerusalém. Já que seus pais moravam em Nazaré, distante 92 quilômetros de Jerusalém, para efetuar o recenseamento ordenado pelo imperador romano, tiveram que andar 100 quilômetros. Óbvio que, não puderam se deslocar de carro, pois Henry Ford só inventará o primeiro automóvel por volta de 1928. Deste modo, o trajeto foi percorrido no lombo de cavalos ou mulas. Imaginem Nossa Senhora grávida, prestes a dar à luz, fazer todo este caminho naquele estado. Lembro também que ainda não tinham inventado o SUS nem o INSS...

A aldeia natal de Jesus se situava numa região montanhosa, mas de solo fértil. Sua economia estrava lastreada na agricultura e laticínios. Relendo os Evangelhos, entende-se porque Jesus, em sua linguagem, usava frequentemente a figura do agricultor, da semente lançada à terra, do trigo, da figueira, da oliveira, da parreira, das ovelhas e cabritos, dos bois, do sol, da chuva, das colheitas guardadas nos celeiros.

A tradição religiosa é profunda e remonta às raízes da população. Belém também é a cidade natal do Rei Davi, a quem Jesus é comparado. Naquela época, a região era dominada pelos romanos, assim que muitos ansiavam por um libertador. Alguns viram na figura de Jesus o provável Rei que expulsaria os invasores. O nome BELÉM significa, em árabe, CASA DA CARNE, em hebraico CASA DO PÃO.

Tive, sob a liderança de Dom Bruno, com mais 18 frederiquenses, o privilégio de visitar Belém. No provável local do nascimento de Jesus, ergue-se a Basílica da Natividade e, no interior, uma estrela de prata marca o local exato onde o Verbo se fez carne. O censo demográfico de 2017 estima a população da cidade em 29 mil habitantes. É servida por 30 hotéis. Sua economia é impulsionada pelo turismo religioso, máxime no Natal.

Muitos biógrafos cristãos tentam passar a imagem de um Cristo pobre, realçando a sua doutrina calcada no desapego dos bens terrenos. Todavia, não parece ser bem esta a evidência histórica. Maria, a Mãe de Jesus, provinha de uma família abastada. Seus pais Joaquim e Ana possuíam várias propriedades. José, seu pai, foi denominado nos Evangelhos como ‘carpinteiro’, logicamente um empresário conhecido na urbe. E os ensinamentos bíblicos, sob nossa visão, põem sempre em relevo o homem como um cidadão que recebeu vários talentos e dos quais deve prestar contas e fazer render. No outro extremo, o acomodado, o vadio é comparado a um monte de esterco. O que é condenado às escâncaras, é o apego ao $, colocando-o acima do Bem e do Mal.

José, o esposo de Maria, em Belém vai à cata de hospedarias e estando todas lotadas por ocasião do censo, dirige-se às cercanias, nas grutas que, por sinal eram a moradia dos pastores. Em nossa peregrinação a Belém, Dom Bruno rezou missa numa nestas grutas para quase cem pessoas. Em suma, na Belém de ontem ou na Belém de hoje, que o Deus que se se fez Menino, para salvar a humanidade, nasça nos corações de todos, e que encontre um abrigo tão aquecido quanto à manjedoura daquela gruta. “Deus se fez o que nós somos, para que nós fôssemos o que Ele é” (St. Irineu)

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