O que o fim do ano nos ensina sobre nós mesmos
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terça, 30 de dezembro de 2025

O refrão da música “Adeus Ano Velho, Feliz Ano Novo” atravessa gerações porque sintetiza desejos que seguem atuais. Quando cantamos “que tudo se realize, muito dinheiro no bolso, saúde pra dar e vender”, não estamos apenas repetindo versos conhecidos, estamos verbalizando expectativas profundas por dias melhores.
A virada do ano sempre carrega esse simbolismo. É um momento em que as pessoas olham para a frente, mas, antes disso, inevitavelmente olham para trás. E nesta revisitação do passado com expectativa de futuro, a frase “que tudo se realize” ganha um significado próprio. Para alguns, é encontrar um novo amor. Para outros, mudar de trabalho, empreender, estudar, constituir família, comprar um bem ou simplesmente encontrar equilíbrio emocional. É uma frase que diz tudo e nada ao mesmo tempo, mas que, carregada de emoção, funciona como um respiro, um motivador, uma renovação de crenças e forças.
O desejo por dinheiro no bolso expressa mais do que consumo. Revela a busca por estabilidade, segurança e previsibilidade em um contexto econômico que frequentemente gera incerteza. As pessoas sabem que, quando o país vai bem, a vida tende a fluir melhor. Da mesma forma, quando a vida das pessoas melhora, a sociedade como um todo se fortalece.
E o pedido por saúde talvez seja o mais potente de todos. Saúde física e emocional, pois sem saúde todo o resto perde o sentido.
O mês de dezembro intensifica tudo isso. É um período simbólico, marcado pelo Natal, pela virada do ano e por uma avalanche de compromissos, encerramentos, encontros e cobranças. As ruas, lojas e supermercados ficam cheias, o trânsito piora, a agenda aperta, os gastos aumentam e as emoções se misturam. Há alegria, mas também cansaço. Gratidão, mas também ansiedade. Celebração e exaustão caminham juntas.
Esse movimento tira muitas pessoas da zona de conforto. E é justamente aí que surge a oportunidade de reflexão. O final do ano funciona como um termômetro emocional. Ele nos obriga a rever trajetórias, reconhecer conquistas e derrotas, lidar com frustrações e, principalmente, olhar para dentro.
Fazer uma retrospectiva pessoal não é apenas listar o que deu certo ou errado. É parar e tentar entender a própria caminhada. Reconhecer escolhas, atitudes, erros e acertos, sem julgamento excessivo, sem culpa ou culpados. É se permitir aprender com a própria experiência e aceitar que nem tudo acontece como planejamos e que a vida é assim e está tudo bem!
Quanto mais conseguimos alinhar o que mostramos ao mundo com aquilo que realmente somos, mais leve ficará a nossa caminhada. O Natal e o Ano Novo nos lembram que a vida é feita de ciclos e que sempre é possível tentar de novo. E temos que ter claro que parar, refletir e aprender consigo mesmo não é perder tempo, é evoluir. É cuidar de si para seguir em frente com mais autoconsciência. 

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