O que a pandemia fez conosco?
**Os artigos aqui publicados são de responsabilidade de seus autores, não traduzindo a opinião do jornal O Alto Uruguai
quinta, 05 de maio de 2022

A pandemia veio e alterou a nossa forma de trabalhar, estudar e de viver. Passamos pelo estágio da preocupação, constantemente estivemos frente a frente com o medo, as vezes nos apegamos à resiliência, mas nunca perdemos a esperança. A crença em dias melhores nos moveu, nos aquentou o coração e estimulou nossos sonhos com a perspectiva de que sairíamos melhores, que venceríamos a estupidez e o egoísmo. 
Tanta coisa se passou em pouco mais de dois anos e o que aprendemos?  E esse aprendizado nos ajudou a sermos pessoas melhores? Essa é uma pergunta recorrente do gaúcho nas pesquisas de opinião realizadas pelo IPO – Instituto Pesquisas de Opinião.  
O isolamento e o distanciamento social nos proporcionaram muitas reflexões e nos trouxeram diferentes expectativas. Várias pessoas passaram a acreditar na ideia de que a sociedade iria avançar, de que se teria mais solidariedade, tolerância, consideração, respeito e empatia. 
A ideia baseava-se na premissa de que a “pandemia foi democrática”, não poupou nenhuma classe social, fazendo com que todos sofressem de alguma forma. Se é verdadeiro que a dor ensina a gemer, se esperava que o desconforto causado pelas medidas restritivas moveria a todos em direção ao bem comum.
Entretanto, a retomada das atividades está nos colocando no ritmo normal. Estamos voltando a correr atrás da nossa sobrevivência, gastando os dias e as horas para trabalhar, estudar e nos relacionar. E o retorno ao cotidiano nos traz a sensação de que não houve melhorias, que a impaciência e a intolerância permaneceram ou até se intensificaram.
Ao mesmo tempo em que os entrevistados reclamam e mostram-se frustrados com a baixa evolução de algumas pessoas, reconhecem que individualmente não mudaram atitudes e comportamentos. Cada um espera que o outro seja melhor. 
Durante a reflexão, entre o esperado e o que é encontrado na realidade, se verifica que há déficits e problemas de várias naturezas que desestimulam ou atropelam a tendência de evolução. Na verdade, a pandemia nos trouxe muitos retrocessos e perdas.
Nosso primeiro dilema ou limitador está no bolso, na questão econômica. As medidas restritivas impostas favoreceram o endividamento de quase metade da sociedade gaúcha e a ampliação da inflação tem diminuído a capacidade de compra. 
O segundo ponto de atenção está na dificuldade de superação das lacunas deixadas pela educação remota. Muitas crianças estão com déficit educacional e as escolas ainda estão tentando reorganizar os seus planos de ensino para minimizar a desigualdade gerada pela educação remota.
O terceiro fenômeno está alicerçado nos efeitos causados pela desconfiança social, que se amplia com as mazelas trazidas pelo crescimento exponencial das redes sociais. A rede social que nos conecta também nos separa quando favorece o individualismo, dissemina o ódio e a inveja ou facilita a criminalidade e o avanço das Fake News.
De toda sorte, a pandemia despertou o debate e a vontade de sermos melhores, basta cada um fazer a sua parte.
 

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