Que mãe jogaria seu filho pela janela do ônibus?
**Os textos de colunistas aqui publicados são de sua total responsabilidade e não refletem a opinião do jornal O Alto Uruguai.
sexta, 16 de julho de 2021

No início de julho, uma moça de 20 anos viajava de ônibus, no trajeto Porto Alegre/São Nicolau. Em Panambi, prestes a dar à luz, dirigiu-se ao banheiro, pariu a criança e a colocou numa sacola, lançando-a fora pela janela. A recém-nascida permaneceu mais de meia hora, nua, na calçada, sendo socorrida e levada ao hospital, em situação grave. Neste momento, não sei se ainda está viva. A mãe declarou à polícia que manteve a gravidez encoberta dos familiares, porque não sabia quem era o pai. 
Este fato chocou a todos que tiveram conhecimento. Ele é tão surpreendente, porque o mais selvagem dos animais sempre protege e defende o seu filhote. Mas, o ser humano, dotado de inteligência, liberdade e criado à semelhança divina, não raro pratica ações inimagináveis e abomináveis. Todos se perguntam: por quê? Muitos políticos defendem o aborto, argumentando que a maioria das mães são ignorantes, e seja por vergonha, seja por ignorância, praticam o aborto de maneira clandestina, longe dos olhos da medicina, colocando em risco a própria vida. “E se fosse regulamentado... Estaria sob o agasalho do SUS...”. Esquecem de se preocupar com a vida do inocente, que não pediu para vir ao mundo! Não pretendo debater o aborto, mas restrinjo-me à ignorância social.
O que fazem as Igrejas, as famílias e as escolas? Fixo-me nas escolas porque os seus profissionais são pagos, embora inadequadamente, para ensinar. E o que é que os nossos conteúdos escolares falam sobre educação sexual? Existe uma cartilha, um manual que lhes dê um norte sobre tão melindroso assunto? Especificamente NADA. Fica tudo a critério do professor que, assim como os pais em casa, não sabem até onde podem avançar nas explicações. Vai minha modesta sugestão:
A CNBB deveria organizar uma comissão composta por teólogos, professores, médicos e juristas, e elaborar uma cartilha sobre orientação sexual. Enquanto esta imprescindível obra não vem a lume, resuma-se o livro “A vida sexual dos solteiros e casados”, de João Mohana, médico e sacerdote, e coloque à disposição das escolas para que os brasileiros tenham um guia seguro sobre este assunto complexo, tão melindroso que ninguém quer meter a sua colher. Então, a criança e o jovem vão abeberar-se em fontes que, na maioria das vezes, induzem ao erro e à desgraça. Uns não falam por serem analfabetos, outros por acanhados, e existe ainda uma boa porcentagem que quer distância, porque tem culpa no cartório. Como ensinar aos filhos um caminho, se eles seguem um outro?... Tão melindroso é o sexo, cercado de inúmeros tabus, que até o Cristo sentenciou: “Quem não tiver pecado, atire a primeira pedra”. 
A mãe, que defenestrou seu filho, deveria estar trilhando várias estradas, ao declarar que “não sabia quem era o pai”. Então, minha gente, iniciemos nas escolas com o ABC – ao praticar o ato sexual, saiba o macho que pode engravidar a fêmea, e a fêmea saiba que pode ser engravidada. E os próprios governos conscientizem os cidadãos, tanto eles quanto elas, que são responsáveis pelo filho que botam no mundo. Ou será que a vida só tem valor em época de coronavírus!?
 

Fonte: