Cada cabeça, uma sentença: cada pessoa faz uma escolha!
Os textos e artigos aqui publicados são de inteira responsabilidade de seus autores, e não traduzem a opinião do jornal O Alto Uruguai e seus colaboradores
terça, 15 de julho de 2025

A arte de fazer pesquisa me proporciona não apenas a escuta atenta, mas principalmente a sistematização dos aprendizados que emergem dos dados. Em cada pesquisa de opinião ou de mercado, revelam-se os múltiplos tipos de pensamentos, preferências e personas que se segmentam conforme o estilo de vida, as influências culturais, a realidade social e as condições econômicas. Não à toa, o dito popular já nos alerta: “cada cabeça, uma sentença”.
Nessa jornada contínua de investigação sobre o comportamento humano, tenho me aprofundado em temas que dizem respeito às escolhas individuais, e suas consequências. Afinal, por que algumas pessoas progridem e se sentem felizes, enquanto outras não progridem e ainda assim se percebem felizes? Por outro lado, há quem acumule conquistas e viva infeliz e há quem colecione fracassos e esteja de bem com a vida, tranquilo com as decisões que tomou. Esses contrastes me fazem lembrar que o sucesso e a felicidade não seguem uma fórmula única, tampouco obedecem a uma lógica linear ou previsível.
Como pesquisadora, aprendi que nunca há uma explicação solitária para os fenômenos sociais. Sempre há um conjunto de fatores que constrói a "bolha" onde cada pessoa se encaixa ou escolhe se encaixar. Essa bolha é resultado de suas narrativas, vivências, crenças e até mesmo da forma como interpretam o mundo à sua volta. Em uma das últimas imersões conduzidas pelo IPO - Instituto Pesquisas de Opinião, realizamos investigações quantitativas e qualitativas sobre a lógica do futuro. E essa pergunta ecoou com força: “o futuro depende de quê ou de quem?”
Descobrimos que pessoas que acreditam que o futuro é resultado do mérito pessoal, que depende de suas ações, escolhas e dedicação, tendem a ser mais motivadas. E essa motivação se desdobra em obstinação: seguem os caminhos necessários para alcançar seus objetivos, mesmo diante de obstáculos. Em contraponto, os que creem que o futuro está nas mãos de terceiros ou do poder público demonstram maior propensão à frustração e ao abandono de metas frente ao primeiro fracasso. Essa crença influencia diretamente sua postura diante da vida: metas menos claras, falta de propósito e uma espera passiva por oportunidades que, talvez, nunca batam à porta.
Cada cabeça interpreta, sente, reage e decide segundo suas lentes, sua trajetória e seus valores. Não há sentença pronta, mas, sim, decisões que constroem narrativas e caminhos singulares. O futuro, longe de ser uma promessa uniforme, se revela como um campo de possibilidades onde cada pessoa escreve sua história a partir das escolhas que faz ou das escolhas que deixa de fazer.
Na escuta de tantas vozes e na leitura de tantos dados, aprendo que o mérito não é um consenso, a felicidade não é um destino fixo e a frustração não é um fracasso absoluto. Tudo depende do ponto de vista, da crença que motiva, da bolha onde se vive e das janelas que se escolhe abrir. 

Fonte: