Dia das Crianças
Dia das Crianças sempre me lembra aquele bom e velho tempo da inocência, quando queríamos ser adultos sem ter a mínima noção do quanto estávamos errados. A gente nunca está contente, pois quando crianças queríamos ser adultos e agora, adultos, queremos voltar ao tempo de infância.
Nunca fui muito fã do meu aniversário, mas o Dia das Crianças sempre teve minha simpatia. Talvez pelo fato de Nossa Senhora Aparecida também ser homenageada nesta data e abençoar não apenas as crianças, mas as pessoas que não curtem datas de aniversário como eu.
Sou suspeito em ficar defendendo a tese de que antigamente tudo era melhor do que agora, assim como não posso discordar de uma criança que me mostra um celular de última geração e que certamente iria rir da minha cara se eu contasse para ela que a gente se trancava em um quarto escuro para revelar fotos que ficavam prontas em uma hora e que não chegariam nem aos pés das fotos de seu celular tiradas e prontas em um, talvez dois segundos.
Sei que qualquer criança tentaria me convencer facilmente de que seus brinquedos são muito melhores do que os nossos daquela época, mas eu não iria arredar o pé e defenderia com unhas e dentes um Autorama ao invés dos brinquedos da atualidade. E por falar em Autorama, já comentei aqui que ele sempre foi meu sonho. Porém, ganhava tudo o que era tipo de brinquedo, exceto ele. Certa vez até um cavaquinho ganhei, menos o Autorama. Mais ou menos como esperar que meu time anunciasse o Haaland e desembarcasse o J.P. Galvão ou um Valencia sem vontade.
A frustração pela ausência do Autorama foi mais ou menos como ter um Gre-Nal exatamente no Dia da Criança, teu time jogar em casa e ser derrotado com um frangaço do goleiro, ele que logo adiante viria a ser um dos melhores do mundo, mas que falhou naquele dia que não poderia falhar. Esse é um caso verídico, diga-se de passagem. Mas a vida precisou seguir, sem o brinquedo favorito e sem a vitória no clássico. Haviam outros brinquedos e, de qualquer forma, a gente se divertia bastante. Não tínhamos o Haaland, mas nosso camisa 9 fazia seus golzinhos. Mais ou menos isso.
Se hoje eu pudesse escolher um brinquedo, sem dúvida ficaria com uma daquelas bolas de futebol antigas, de cor marrom, com a costura para fora, pesadas como chumbo. Iria deixá-la exposta em cima de uma estante, como um troféu, e ela teria muito mais valor do que essas bolas de hoje, sem peso e sem história. E o Autorama que esperasse, até por que, se hoje eu ganhasse um, perderia a graça. Melhor ficar com uma bola pesada e cheia de história. A alma, ao menos, permaneceria leve. Tão leve como o Dia das Crianças.
PAPO DE FÉ
"Não nos cansemos de fazer o bem, pois no tempo certo
colheremos, se não desanimarmos." — Gálatas 6:9