Final do ano chegando e novamente a lista de desejos se faz presente, renovando pedidos e metas não concretizadas. Na lista, o de sempre. Poucos ousam sair da rotina, e lá se repetem ensejos de emagrecer, dar um up no visual, trocar a mobília, aquecer o relacionamento ou trocar e começar outro - no frescor que tudo que é novo oferece -, viajar ou se mudar de vez, e mais tantas coisas tão comuns a todos nós, que talvez fosse o caso de pedirmos juntos, vai que se realizem. Pedidos iguais por razões diferentes. Ainda: pedidos iguais que, na sua grande maioria visam competir e não somar, pois é raridade alguém vibrar com o novo corte de cabelo da amiga, tampouco com a promoção no emprego do amigo. Vivemos em uma selva cujo maior perigo é o próprio homem! Triste, mas verdadeiro. O bicho homem mata sem precisar comer como os demais predadores. Aliás, diz que “mata por amor”, assim como também mata por inveja, ciúmes, poder e outras frustrações não resolvidas que culminam em abater o objeto de sua cupidez. São várias maneiras de matar alguém sem, necessariamente, se chegar às vias de fato. São as mortes por asfixia que calam o direito do outro de existir e se expressar. São as mortes por negligência às necessidades alheias, as movidas puramente por falta de afeto ou as por intolerância ao que é diferente à nossa realidade. São as mortes por cobiça, inveja e poder, oriundas do fracasso em competir.
O que sei, é que falta rapport, do francês, “rapporter” de trazer de volta, aqui utilizado na concepção psicológica de buscar concordância e harmonia nos relacionamentos, de sentir que há interesse no que está sendo dito. Sem dúvida esse seria um ótimo presente a ser dado e recebido pois rapport é a capacidade de entrar no mundo de alguém, fazê-lo sentir que você o entende e que vocês têm um forte laço em comum. É a capacidade de ir totalmente do seu mapa do mundo para o mapa do mundo dele. Demasias a parte como ter “um forte laço em comum”, é possível praticar a empatia sincera e até se sentir confortável com a crítica ou discordância alheia, desde que o rapport seja natural e não forjado com o intuito de ganhar vantagem, coisa fácil de se distinguir. Um exemplo de rapport natural é quando você está entre amigos e a comunicação é fluída, mesmo que por vezes as ideias sejam divergentes, pois estão receptivos e relaxados da crítica maldosa que costuma vir de pessoas fora dessa atmosfera. O rapport também é percebido entre crianças brincando, casais em sincronia ou na parceria no ambiente de trabalho. O oposto, surge como técnica de manipulação, no vácuo da carência alheia em ser escutado ou ser aceito ou ainda como forma de ganhar/vender algo, como a célebre frase da vendedora na loja de roupas, dizendo que você está maravilhosa na calça que insiste em não fechar. Que possamos ter mais rapport no ano que se aproxima, visando uma convivência e comunicação mais assertiva e serena.
Bons Ventos! Namastê.