Primeiramente, cabe falar sobre duas questões em relação aos motoristas: os que já são acostumados a dirigir a noite e os que não. Para ambos vou passar algumas recomendações.
Para os motoristas que não estão acostumados a dirigir durante a noite começa falando que a condução diurna e noturna são diferentes e necessitam de cuidados específicos que precisam ser respeitados e aos quais se necessita dar toda atenção.
naturalmente o nosso corpo tem uma tendência de relaxar e dormir durante a noite, e como tal, se for realizar uma viagem durante a noite, e isso inclui altas horas, como também madrugada, tenha certeza de ter se preparado(a) com um bom descanso antes. Jamais pegue a estrada cansado(a) ou com sono. A chance de adormecer é grande, não no início da viagem, mas pela metade e antes do final. Então muito cuidado. Vá parando no caminho, em locais seguros e tome um café ou outra bebida sem álcool, pare para descansar, evitando fazer a viagem de uma só vez. Mas lembre-se que o café, por exemplo, não tira o sono, ele pode no máximo lhe reanimar.
Respeite o limite de velocidade, lembrando que durante a noite, diferentemente do dia, a visão do motorista é dificultada e limitada. Senão vejamos. A visão do motorista vai estar limitada ao alcance da luz do farol do veículo, que com luz baixa, dificilmente passa de 50 metros, dependendo do carro, e enquanto a luz alta, fornece uma iluminação do dobro dessa distância. Mas considerando que podem estar seguindo veículos sentido contrário, alguma neblina localizada que surge em pontos específicos, ou mesmo, algum fator de cansaço que aparece a noite, a distância efetiva de visualização se reduz. Um carro médio, a 80 km/h, em pista seca, leva em torno de 57 metros para parar, mais a distância de reação do motorista a algum evento, que pode ser de 2 segundos. Só que esta velocidade de 80 km/h, corresponde a 22,22 metros percorridos por segundo, em dois segundos, se percorre 44,44 metros. Percebem o risco da velocidade noturna? O veículo tende a percorrer 100 metros até parar, na média.
Um grande problema que pode ser levantado diz respeito ao ofuscamento, na condução noturna. E é sim um grande problema. A dica é não olhar para a luz do outro carro. Por mais que pareça uma obviedade, a luz do outro veículo acaba sendo um estímulo aos nossos olhos. Mas se deve olhar. Para evitar se perder com a referência onde você está dirigindo, quando ocorre o ofuscamento, é procurar olhar para a linha de bordo, à sua direita. Ele vai lhe guiar e lhe manter na sua pista, evitando que caia no acostamento ou saia de pista. Por isso é tão importante cobrar das autoridades que mantenham a pintura da faixa de bordo. A faixa de bordo é a linha branca, que fica do lado direito da pista, entre o acostamento e sua faixa de trânsito.
Sempre que você observar a pista sem a sinalização horizontal bem pintada, ou pior, sem a faixa de bordo bem pintada, você pode e deve, fazer uma reclamação no site da ouvidoria do governo federal, seja para o DNIT ou ANTT (rodovia concessionada). O temos visto recentemente, é que para economizar, o pessoal tem somente pintado as faixas. Não aplicam mais as microesferas de vidro (tipo um pó branco), que facilita a visualização principalmente em dias de chuva. Isso é um perigo e uma falta de zelo e de certa forma compromete a segurança viária. Aí colocam umas tachas refletivas, que após serem atingidas por veículos pesados, acabam quebrando e perde-se a referência. Pode ser reclamado também.
Para os condutores mais acostumados a dirigir durante a noite, valem todos os apontamentos acima, e mais, o de não se acomodarem e baixarem a atenção durante a condução. Erroneamente achando que a experiência supre a atenção e o cuidado. Pelo contrário, sempre devem ter atenção redobrada.
Uma última recomendação ao pedestre, ou ciclista que anda à noite nas ruas da cidade, sem iluminação ou em rodovia. Prefira sempre vestes claras, ou melhor ainda, se puder usar algo reflexivo. Pois usando vestes escuras, roupas escuras, você não será visto pelo motorista, e um atropelamento poderá ocorrer. Ande sempre na calçada e ou no acostamento, se precisar andar no período noturno. Seja visto, se faça ver. Fica a dica.
*O inspetor Celso Morais é policial rodoviário federal; foi chefe do Núcleo de Registro de Acidentes da PRF no RS por quase nove anos; instrutor de Acidentes e Levantamento do Local e Instrutor de Educação para o Trânsito da PRF; é formado em Perícia de Trânsito pela PRF em Sergipe; formado em Direito e Pós-Graduação em Educação Transformadora pela PUC-RS.
