Ganhar ou perder: driblando o mito de Marpessa
**Os artigos aqui publicados são de responsabilidade de seus autores, não traduzindo a opinião do jornal O Alto Uruguai
sexta, 20 de maio de 2022

A lógica em que somos criados é a de sermos vencedores e termos êxito nas coisas que nos dedicamos a fazer e, querer vencer, é algo positivo e desafiador desde que estejamos preparados para perder. Ser um vencedor no trabalho, na vida afetiva e social sem dúvida que é louvável e meritoso, mas será que podemos ganhar tudo? Com o tempo aprendemos que não! O fascínio por competir nos é estimulado desde criança por nossos progenitores que com boas intenções, costumam exaltar nossas qualidades e nos incentivar a vencer. Outra coisa pitoresca de alguns pais é presentear os filhos quando perdem, como forma de sanar a frustração. Só que esta não é a melhor maneira de preparar alguém para o mundo já que qualquer disputa se reverte sempre num aprendizado. 
Os mitos gregos costumam nos socorrer no entendimento dos meandros das relações humanas como "O mito de Marpessa", que conta a história de Apolo. O deus – um jovem que combinava beleza física com intelecto privilegiado –, se apaixonou por Marpessa, princesa de extrema beleza que recusou seu pedido de casamento para se casar com Idas, um mortal. A princesa rejeitou Apolo, pois disse que não poderia ser feliz ao lado de um deus tão cobiçado, além de que temia ser abandonada pelo deus quando ficasse velha.
Talvez o medo de Marpessa nunca se concretizasse, mas ela preferiu não arriscar. Saindo das deidades do Olimpo e voltando para o mundo dos mortais, os fatos do cotidiano atestam que a toda hora, perdemos e ganhamos. Faz parte do jogo da vida! Perdemos: a hora, o ônibus, um emprego, um amor, um ente querido, uma disputa esportiva, um jogo de xadrez e, aos poucos vamos nos humanizando com o sentimento que essas perdas nos causam, mesmo que sejam doídas. Nessa díade entre ganhar e perder, aprendi que embora as vitórias sejam algo estimulante, é nas derrotas que encontro o verdadeiro aprendizado, sabendo que nem sempre irei “segurar a taça''. 
Bons Ventos! Namastê!
 

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