Religião e política
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quarta, 24 de agosto de 2022

As discussões que envolvem a relação religião e política em tempos de eleições são uma rotina que vem à tona, reproduzindo um histórico dilema, que apesar dos tempos se mantém vivo a cada vez que são disputados cargos importantes da política brasileira, e, aliás, não é apenas no Brasil que essas discussões ocorrem, em muitos países pelo mundo está é uma realidade.
A religião leva para a política comportamentos pessoais, crenças dos indivíduos, pensamentos, modos de compreender e viver a vida. Exemplos são valores de família, de ética, de moral, como é o caso de discordar da liberação do aborto, dissolução do casamento, o agrado a Deus, a defesa de valores da espiritualidade, justificados pela fé e associados aos ensinamentos, a crença a uma doutrina religiosa.
São os valores religiosos que orientam o comportamento de vida das pessoas, dos grupos de pessoas que pertencem a uma determinada religião. Esses valores religiosos são direcionadores do comportamento humano, eles foram transmitidos de gerações para gerações no decorrer dos tempos, valores estes explicitados em livros sagrados, estão fundamentados em dogmas, por isso são universais, entendidos como corretos na vida em sociedade. Eles contemplam o respeito, a honestidade, são transmitidos pela família e nas instituições educacionais, são regras onde Deus é o valor supremo.
Entender essa relação existente entre política e religião, muitas vezes controvertida, acirrada, segregadora de famílias e de pessoas, é entender que valores pessoais acompanham o político no exercício de seus cargos públicos. Essa relação conflituosa que muitas vezes divide pessoas e famílias da mesma crença é perfeitamente compreensível, isto porque, os valores e as diversas crenças são valores individuais, como indivíduos são diferentes, pensam, se comportam e agem de forma diferente.
Nem sempre essa relação religião e política é pacífica. Aliás, há um bom tempo tem sido mais conflituosa do que pacífica. Muitas vezes se transforma em batalhas, no sentido real, fazem o sangue ferver, é quando o espírito de religiosidade dá lugar a outro entendimento, não o religioso. Vejamos: a religião jamais admitiria ofensa ao irmão (ser humano), não admite desrespeito para com o próximo, não admite a calúnia, a difamação, muito menos qualquer tipo de violência entre pessoas.
Quando as pessoas abraçam a política e esquecem os valores religiosos de suas crenças, elas deixam de ser religiosas e passam a ser outra coisa. É, sim, é possível cultivar a religião e ser político, defender as crenças políticas e religiosas ao mesmo tempo, quando se sabe respeitar os irmãos, também religiosos que pertencem a outras correntes políticas, até porque, política não é valor, é diferente de religião, ela tem mais de interesse do que crença.
 

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