Quem é o patriarca da independência? (Parte 3)
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segunda, 29 de agosto de 2022

Quando se comemora o 7 de setembro, todos lembram D. Pedro I. Pouco se fala de quem teve papel relevante que foi José Bonifácio de Andrade e Silva. Assim também quando enaltecem Getúlio Vargas, esquecem Osvaldo Aranha. Separar o Brasil de Portugal não significava apenas desembainhar a espada e gritar Liberdade. Um filho, quando deixa a casa paterna, assume tremendas responsabilidades, sendo a primeira, entender que deverá viver às próprias custas. É então, que entra em cena a figura exponencial de José Bonifácio, apelidado de Patriarca da Independência. 
Viveu 36 anos na Europa, alimentando-se dos conhecimentos do primeiro mundo. Formou-se em Direito, Filosofia, Matemática, Química e Mineralogia. Testemunhou o furor da Revolução Francesa. Combateu nas trincheiras portuguesas contra Napoleão Bonaparte. Visitou todos os países da Europa Ocidental. Inteligentíssimo e austero, com laivos de boemia; prendia o cabelo na nuca em forma de rabo de cavalo. Era popular e aristocrático, orgulhoso e piadista. Autor de tiradas literárias: “A árvore da liberdade precisa ser irrigada pelo sangue dos patriotas”. As massas descontroladas são nocivas. 
“É tempo de acabarmos com o tráfico de escravos, bárbaro e carniceiro” – fato que só ocorreu em 1.888 – vociferava José Bonifácio. Acontece que a economia, não só no Brasil, mas em quase todo o mundo, estava assentada no regime escravocrata, pois fornecia mão de obra barata para as lavouras de cana, algodão, tabaco, minas e demais atividades. Culto, possuía biblioteca de 6 mil exemplares. Defendia a catequização dos índios, escola primária pública gratuita e universidade. Propugnava pela interiorização do Governo, que só veio acontecer com a Brasília de Juscelino Kubitschek muitos anos mais tarde. 
Tanto influenciou D. Pedro I que este, ao partir para Portugal para restabelecer o reinado do pai, usurpado pelo irmão Miguel, o nomeou Tutor de seus filhos. A independência exigiu muito sangue, na luta contra as tropas portuguesas, aqui aquarteladas. A guerra se prolongou por dois anos, ceifando mais de 3 mil vidas. Nos EUA registraram-se 25 mil mortos. Fenômeno interessante de brasilidade foi registrado nos cartórios. Houve troca de nomes portugueses por denominações de árvores e animais. O Pe. Antônio de Souza passou a chamar-se Pe. Antônio Cabra-Bode. O Jornalista José Maria Migues trocou por José Bentevi. Assim entende-se que haja no Brasil tantos Pereiras, Coelhos e da Silva. 
Como enfrentar a situação, sem exército, sem marinha e sem dinheiro? Apelou-se para doações. D. Pedro deu o exemplo sendo imitado pela população. Recrutas eram convocados a laço. O Ceará mandou para o Rio 3 mil recrutas, sendo que 500 morreram pelo caminho, de inanição. Todavia foram estes humildes e anônimos heróis que garantiram a vitória na guerra pela independência. A Europa também haveria de fornecer oficiais, soldados e navios ociosos, reminiscências das Guerras Napoleônicas. A promessa de salários compensadores atiçou a cobiça de muitos mercenários. Surge então um escocês, ávido por dinheiro, chamado Almirante Lord Cochrane que, por vias tortas, conseguiu a rendição do Nordeste.

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Futebol – O Inter não é lá uma Brastemp. Mas de pênalti em pênalti ele vai chegando! E o Mano Menezes ainda reclama do juiz...
 

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