Cancelamento organizacional
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sexta, 13 de janeiro de 2023

Ser aceito é algo que nos acompanha desde que começamos a ter nossas trocas sociais, já que o ato de pertencer, é antes de tudo um sentimento natural e uma necessidade humana. Na contramão do sentimento de pertença e de aceitação, temos a exclusão, processo onde somos privados de alguma coisa, como por exemplo manter interações reais em um grupo social. Chamado de bullying por alguns estudiosos, a exclusão pode ocorrer em várias fases da vida. Na escola, é a criança colocada à parte pelos colegas. Aquela que é privada de brincadeiras. Aquela que muitas vezes é tida como diferente aos olhos viciados em padrões. Aquela que sempre fica sem ter com quem fazer trabalho em grupo, fazendo com que o professor de forma constrangida, arrume um grupo para ela ingressar (aliás, vejo isso acontecer inclusive na faculdade). Contudo, a exclusão dentro de casa talvez seja uma das mais tiranas, onde filhos excluem de seu convívio os pais idosos ou quando há diferença no tratamento entre os filhos. Compete com o cancelamento no lar, aquele que ocorre no meio organizacional, uma vez que costumamos passar mais tempo no trabalho do que em casa. Esse tipo de exclusão tem como principal característica o desdém, a desvalorização e a exclusão de fato do colega de quaisquer ações. Travestida de livre-arbítrio, costuma ser alimentada por feudos que, na sua ignorância, desconhecem o quanto pode machucar o fato de fazer alguém "deixar de existir para um grupo." O que leva a cultura da exclusão nas organizações costuma estar imbricado em um emaranhado de boatos e fofocas que se fossem tirados a limpo, evitariam muitos dissabores e inclusive, o cancelamento. Também, podem ser movidos por competição, inveja ou pelo simples fato de alguém não ir com sua cara. Isso mesmo!
Quem nunca sentiu na pele ser excluído, que atire a primeira pedra e, quem nunca excluiu, que faça o mesmo. Em tempos de diversidade e inclusão, o discurso fica dissonante da prática quando levantamos bandeiras por igualdade, mas excluímos quem está ao lado. 
Um dos antídotos contra os ranços que por vezes temos com nossos pares, é aprender a valorizar o outro. Reconhecer suas competências, admitir seus talentos e apoiar o que considera bacana nas ações alheias. A cultura do elogio também é muito bem-vinda. É valorizar o bronze, a prata e o ouro da casa e desdizer o ditado que "Santo de casa não faz milagre". Quantas vezes recebemos elogios de terceiros quando, na verdade, gostaríamos que viessem do pai, da mãe do namorado/marido, do amigo ou do colega? O que adianta ser hors concours para o mundo se na sua terra você é tido como um pária? Outro antídoto é ter o princípio da empatia como tutor de nossa conduta, como forma de não nos perdemos em nossas paixões que são muitas. Que o amor seja a força-motriz, e o sentimento de fraternidade, nossa realidade.
Bons Ventos! Namastê.
 

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