O mundo se despede de Bento XVI
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sexta, 13 de janeiro de 2023

No dia 6 de janeiro de 2023, a Igreja Católica enterra a sua enciclopédia teológica, na pessoa de Joseph Ratzinger, o 265º Papa. Os funerais foram presididos pelo Papa Francisco, concelebrados por quatro mil padres, na presença de 50 mil fiéis, em Roma, a Cidade Eterna. Indicado por João Paulo II, foi ele que liderou a confecção do atual Catecismo da Igreja Católica, um compêndio da doutrina cristã. Nos dois últimos séculos foi a maior autoridade em conhecimentos religiosos e rolarão muitos anos, antes de surgir alguém que ombreie com ele. Tinha 96 anos. É considerado o Papa mais erudito da História. Como todo o Papa, na sua morte, é colocado dentro de três caixões, um de cipreste, outro de madeira de carvalho e outro de zinco. Junto com o cadáver vão suas insígnias, vestes, medalhas e documentos históricos. Participaram dos funerais Autoridades do mundo inteiro e os chefes de Estado da Itália, Polônia, Hungria, Portugal, Bélgica e da Espanha.
Nasceu na Alemanha em 1.927, em Marktl. Seu pai era policial e católico fervoroso. Por se opor ao nazismo foi rebaixado de posto. Joseph viu seu pároco ser espancado antes de uma missa. Aos 16 anos, junto com toda a classe de seminaristas, foi recrutado como auxiliar de defesa antiaérea nazista. Em setembro de 1.944, tendo atingido a idade exigida, teve de ingressar no exército de Hitler. Abandonou o quartel, mesmo sabendo que os guardas tinham ordem de atirar nos desertores. Em 19 de abril de 2.005, num dos conclaves mais rápidos da História, foi eleito Papa, tendo como concorrente o Cardeal Bergoglio, que o sucederia no Papado, após sua renúncia. Escolheu o nome de Bento, em homenagem a São Bento, o pai dos mosteiros e o Padroeiro da Europa. O lema escolhido for ‘Colaborador da Verdade’, pois “na Verdade, tudo desmorona quando ela está ausente”. 
Como Papa promoveu a união da Igreja e corrigiu erros doutrinários. Condenou a Teologia da Libertação, que tinha como sustentáculo Leonardo Boff. Esteve três vezes no Brasil e numa destas viagens canonizou o nosso Santo Frei Galvão. De temperamento germânico, era bastante sério e nada expansivo, a exemplo do seu antecessor João Paulo II, o Papa Karol Jósef Wojtyla, que esbanjava simpatia e popularidade. Todavia, quando aparecia na tradicional janela da residência papal no Vaticano, às 18,00 horas, o Papa alemão reunia mais fiéis que o Papa polaco. 
No velório, houve solenidade e sobriedade. O atual Papa fez ao antecessor rasgados elogios, chegando a compará-lo a Jesus Cristo. Entre os dois houve sempre respeito, embora se percebessem as divergências ideológicas, sendo Ratzinger conservador e Bergoglio liberal. Os católicos italianos, a exemplo do que acontecera no enterro do Papa João Paulo II, irromperam em gritos de “Santo súbito”. (declare-se o Papa Bento XVI imediatamente santo). A conferência episcopal alemã, pontualmente às 11,00 horas locais, mandou repicar os sinos de todas as igrejas do País, em homenagem ao primeiro papa alemão da era moderna. Para fechar a coluna, nada melhor que citar uma frase do insigne Chefe da Igreja Católica, sucessor de São Pedro: “O amor supera a justiça. Justiça é dar ao outro o que é dele. Amor é dar ao outro o que é meu”! – Joseph Ratzinger.
 

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