Os desígnios insondáveis do Senhor
**Os artigos aqui publicados são de responsabilidade de seus autores, não traduzindo a opinião do jornal O Alto Uruguai
sexta, 17 de fevereiro de 2023

O mundo assiste assombrado as trágicas notícias que relatam as consequências doloridas deixadas pelo terremoto sobre a Síria e a Turquia. No momento que escrevo as mortes passam de vinte mil. Mas há informes dando ciência de que o número pode ser oito vezes maior. Não apenas as mortes são contabilizadas. Os feridos, graves e leves com membros mutilados e órgãos avariados, podem ultrapassar os 100 mil. Mais de 5 milhões estão desabrigados, sem casa para morar. As famílias atingidas choram e se desesperam. 

O terremoto ocorreu à noite, elevando ainda mais o grau de perplexidade, angústia, impotência e transtorno. Pode se imaginar, acordar com o telhado da casa caindo em cima da cama. Os pais procurando os filhos. Os filhos clamando pelos pais. Tudo coberto de trevas. E para completar o tétrico quadro, é inverno, a neve presente.  Nem vamos falar dos prejuízos econômicos. Cidades inteiras, com todos os prédios e casas destroçadas. E agora, tudo por reconstruir. Começar do zero. Sem energia, sem água, sem comunicações, sem hospitais, sem escolas, sem igrejas, sem comércio e indústrias. Os efeitos são piores que uma guerra, embora ausentes armas e tiros.

Principalmente na Síria, o País anda convulsionado por prolongada guerra civil, que já matou meio milhão de pessoas. As pessoas não se entendem. Assim como na Ucrânia x Rússia, Palestinos x Judeus. Ninguém está disposto a ceder. Ninguém quer perder uma mão, para salvar o corpo. Parece que o ódio hereditário que se iniciou com os dois irmãos Caim e Abel corre nas veias de todo o ser humano. Mesmo dentro de uma família, que se diz cristã, na hora dos inventários, o conflito aflora. Um simples Gre-Nal gera rudes discussões. Um confronto entre Esquerda x Direita, se não deixa mortos, provoca feridos. Entre os próprios Apóstolos de Cristo, a mãe de Tiago e João solicitou que seus dois filhos, no Reino que se avizinhava, fossem guindados a Ministros, um à direita e outro à esquerda... E os outros nove que se lascassem. O mundo só existia para sua família.

Nós, aqui na bem-aventurada Terra de Santa Cruz, particularmente no solo gaúcho, desfrutamos de um ambiente suave e tranquilo. É verdade que a estiagem castiga. Mas não se tem notícia de que alguém tenha morrido por causa da seca, ou mesmo ido para o hospital. E se falta chuva, talvez, muitos estejam ausentes na Missa. No passado, apelávamos para as procissões que iam de Taquaruçu a Vista Alegre. A gente não conhece os planos de Deus. E São Paulo lembra: “Em tudo, dai graças”.

Fecho a coluna, num tom mais jocoso: Ao criar o mundo, Deus Pai reuniu os Anjos, cada um responsável por uma nação particular. Houve várias lamúrias. Uns reclamavam que no seu país havia terremotos, e no Brasil, nada. Outros se queixavam que os vulcões vomitavam lavas e no Brasil, nada. Houve anjo africano denunciando que o seu território era um deserto tórrido de areia, e no Brasil só terra fértil. Um grupo de anjos, apertando as asas de frio, denunciaram o gelo e a neve que cobria o solo inteiro, enquanto no Brasil, clima temperado, propício para redes e praias. O Pai Eterno deixou que todos derramassem suas queixas, e depois os consolou com as palavras: “é, mas vocês vão ver o povinho que eu vou colocar lá”!!!
 

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