O surpreendente patriotismo de Jesus Cristo
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terça, 26 de setembro de 2023

Penso ser útil, neste mês de setembro dedicado à Pátria, jogarmos um olhar sobre o comportamento do Divino Mestre com relação à sua Pátria Israel. Para início de conversa Ele declarou que “meu reino não é deste mundo”. Durante os 33 anos de sua existência, Israel estava sob o domínio romano. E os imperadores sufocavam qualquer sinal de rebeldia que ameaçasse o governo dos Césares. E cobravam pesados impostos. Coisa parecida com o que aconteceu no Brasil, enquanto esteve sob o domínio português. O rei de Lisboa cobrava da colônia brasileira o quinto de todo o ouro extraído. E também reprimia a mínima tentativa de independência. 
Os Discípulos mais próximos de Jesus sonhavam com um reino político terreno. Tanto que Judas, do partido dos zelotes radicais, entregou o Mestre, de um certo modo, quando percebeu que de Jesus nada se poderia esperar em termos de revolução contra Roma. A mãe dos Apóstolos Tiago e João teve o descaramento de pleitear dois ministérios para seus filhos, “um à direita, outro à esquerda”. Pedro já se imaginava Primeiro Ministro. E a entrada triunfal no Domingo de Ramos em Jerusalém expressava o apoio das multidões na rua. Ao verem ruir a montanha dos seus sonhos, todos o abandonaram, exceto João. 
Todavia, em todos os versículos da Bíblia, Cristo se comporta como fiel cumpridor da legislação. Ainda no ventre da mãe, deixa Nazaré e vai a Belém para o recenseamento ordenado pelo Imperador. Escrevem alguns biógrafos que este censo não era apenas para contabilizar o número de pessoas, mas principalmente as posses, sobre as quais posteriormente recairia o tributo. Falam que José possuía bens em Belém. Sobre as leis judaicas, Cristo foi fiel cumpridor. E sobre os tributos romanos, para não pairar dúvidas, “mandou pescar um peixe e extrair das guelras uma moeda para saldar o imposto”. E o mais impressionante, na frente de Pilatos que o condenaria à morte abominável da cruz, fez uma defesa da sua autoridade, afirmando que “ela vinha do Alto”. 
Cristo teve predileção por um povo, a linhagem de Davi. Chorou diante da imponência do Templo, que Ele previu ser derrubado, “não ficando pedra sobre pedra”. E a respeito dos seus irmãos patriotas lamentou que não O escutaram, pois Ele “os queria debaixo de suas asas, como a mãe choca abriga os pintinhos”. 
Imaginando que Cristo viesse hoje ao Brasil, Ele não iria se posicionar nem a favor de Lula, nem de Bolsonaro, e jamais se filiaria à alguma sigla partidária. Mas como fez, há dois mil anos atrás, usaria toda a mídia possível para comunicar a Constituição do seu Reino. Apareceria na televisão, seria entrevistado nas rádios, falaria nas praças, ensinaria nas escolas e principalmente nas universidades. Curaria os doentes, dando preferência aos que aguardam há meses nas filas do SUS para uma cirurgia. E aos famintos, distribuiria ranchos de feijão, arroz, massa e até um pouco de picanha. Consolaria os sem casa, lembrando “que o Filho do Homem não tem onde repousar a cabeça”. E de modo especial traria esperança aos angustiados, consertaria os casais despedaçados, e “chamaria para si os pequeninos”. Se alguém quiser realizar algum pedaço de patriotismo, quiçá se inspire no Imortal Patriota de Israel.
 

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