A força das palavras
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sexta, 24 de novembro de 2023

Se através do olhar transmitimos nosso apreço ou descaso com alguém, as palavras fortalecem a intenção, podendo elevar o ânimo ou destruir a autoestima. Portanto, ter as palavras apenas como um mero veículo de comunicação é não dar valor ao peso que elas podem ter, sobretudo na transmissão de pensamentos e sentimentos. 
As palavras nos decodificam e traduzem quem somos por meio do repertório e a maneira como nos expressamos. Assim, podemos ser amados ou odiados pelo tipo de linguagem que escolhemos nos comunicar, seja amorosa, educada ou rude e desabonadora. 
Lembrando que é possível falar coisas sérias, não agradáveis, discordar e questionar sem necessariamente machucar nosso interlocutor, basta ter educação e empatia. Palavras uma vez ditas não podem ser apagadas ou esquecidas, mesmo que um pedido de desculpas as suceda, pois elas podem ter “a leveza do vento e a força da tempestade” (Vitor Hugo). 
Algumas culturas antigas já sabiam da importância e da força das palavras, às tendo como um “instrumento para o pensamento” do sânscrito (man: pensamento, tra: instrumento), no sentido de unir sonoridade (verbo) e conteúdo com o objetivo de produzir efeitos energéticos e emocionais. 
A língua sânscrita é considerada uma língua revelada, portanto sagrada, assim como o aramaico, o hebraico ou o latim são para a religião judaico-cristã. 
Em uma adaptação atual dessa cultura, temos os mantras, cujo foco é buscar a concentração necessária para conseguir meditar, adquirir paz mental e libertação (moksha). As palavras estão a serviço do bem ou do mal e quem as usa com destreza, fortalece ou destrói de acordo com seu intento conciliatório ou agressivo. Também, a serviço do mal, está a maledicência – principal fruto de discórdia -, merecendo ser aprofundada através de uma narrativa cujo protagonista é Sócrates. Pois, um dia um rapaz procurou Sócrates e lhe disse precisar contar algo, no que o filósofo ergueu os olhos da leitura que estava fazendo e lhe perguntou: O que você vai contar já passou pelas três peneiras? - Três peneiras? Indagou o rapaz. – Sim! Retrucou Sócrates. 
A primeira peneira é a VERDADE. O que você vai contar é um fato ou você ouviu falar? Suponhamos que seja verdade, então vamos para segunda peneira a BONDADE. O que você vai contar é uma coisa boa? Vai ajudar a construir ou destruir o próximo? Mesmo se for verdade e coisa boa, ainda deverá passar pela terceira peneira: a NECESSIDADE. Convém contar?  Isso vai ajudar a comunidade? Pode melhorar o planeta? Caso não, esqueça, siga o seu caminho e deixe de semear discórdia. E é exatamente assim que as palavras funcionam, sendo indicado na falta do que falar, o silêncio do que não precisa ser dito evitando “colocar palavras onde faltam ideias” (Goethe). Que nossas palavras sejam instrumento de paz e fomentem o amor ao invés de disseminar fofocas e envenenar o ambiente com discórdias. Pense nisso e viva melhor!
Bons Ventos! Namastê.
 

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