Responder ao chamado de Deus
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sexta, 04 de fevereiro de 2022

A Liturgia da Palavra deste Domingo nos fala do Deus que se revela, que chama a segui-lo e a anunciá-lo aos demais. Em primeiro lugar, é importante não esquecer que a Revelação é uma ação livre, espontânea de Deus. É Deus, por sua iniciativa fundamentada em seu amor por nós e na decidida vontade de salvar-nos, quem se revela, quem se manifesta. O Deus em que cremos não é fruto do nosso raciocínio, do nosso pensamento. Ele, objetivamente é o Deus que se revelou, disse quem Ele é.
Assim, o cristão chamado por Deus a viver em comunhão de amor com Ele, ao responder a este chamado, entra em uma relação de amor com Deus e a partir desta relação amorosa, torna-se um anunciador convincente deste mesmo Deus de amor. 
É neste processo de conhecimento e de amor em que está fundamentada a vocação missionária, que todos recebemos no dia de nosso Batismo. Ser cristão não se reduz à adesão racional a uma Verdade. Esta adesão é só uma parte da vida cristã. Mas o cristão é alguém que, conhecendo a Verdade que é Deus, a ela adere não só intelectualmente, mas vitalmente, ou seja, colocando-se em comunhão amorosa com este Deus que se revela e procurando levar aos demais este amor experimentado, criando ao redor de si estes espaços de comunhão amorosa, fruto da intimidade com Deus.
Na 1ª Leitura deste Domingo (Isaías 6,1-2.3-8) nos é apresentada a vocação do profeta: há uma iniciativa de Deus que se manifesta a Isaías através de uma visão. Esta visão mostra a grandeza de Deus e a sua ação de purificação para aquele que Ele escolheu como profeta, na figura da brasa que toca o lábio do que foi escolhido, para purificá-lo. Deus chama e pede uma resposta livre do homem, que deve ser purificado e converter-se, para poder assumir a missão confiada por Deus. 
São Paulo, na 2ª Leitura (1ª Coríntios 15,1-11) responde à Comunidade da Igreja em Corinto a uma questão fundamental: sobre os fundamentos da crença na ressurreição dos mortos. A resposta do Apóstolo fundamenta-se em argumentações da fé que já lhes anunciara e que, por sua parte, está fundamentada na pregação dos Apóstolos. Esta pregação apresenta quatro elementos básicos: morte, sepultura, ressurreição e aparição do Ressuscitado a Pedro. Aí está, segundo São Paulo, a base para a crença na Ressurreição do Senhor e da futura ressurreição de todos os que adormecerem em Cristo. Antes de tudo, o testemunho de Pedro e depois o dos demais Apóstolos são os alicerces desta crença. Para nós, cristãos de hoje, este testemunho, selado com o sangue dos Apóstolos que deram suas vidas por esta verdade, continua a ser a razão de nossa crença na Ressurreição do Senhor. 
No Evangelho (Lucas 5,1-11) o evangelista narra o chamado dos primeiros discípulos do Senhor. Esta chamada acontece imediatamente após um ensinamento de Jesus para as multidões que o seguiam, e depois também de um milagre realizado por Jesus, a partir de uma ordem que o Senhor dá àqueles homens: “Avançai para águas mais profundas, e lançai vossas redes para a pesca”. O resultado da obediência à ordem dada por Jesus é a pesca abundante de peixes. Aqueles homens rudes tomam consciência de sua fraqueza, indignidade, mas decidem responder ao chamado do Senhor. Deixam tudo para seguir a Jesus. Aprendamos nós também a deixar tudo o que se opõe a responder o chamado do Senhor.
 

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