Escolher ser feliz
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quarta, 09 de fevereiro de 2022

O evangelho deste Domingo (Lucas 6,17.20-26) narra como Jesus desce da montanha onde passou a noite em oração. Jesus, sendo Deus, ensina-nos que a felicidade não é uma questão de sorte, de saúde, êxito, dinheiro. A felicidade é uma escolha: podemos decidir ser felizes, apesar da pobreza, da fome, dos insultos: “felizes, vós, os pobres, que tendes agora fome e chorais.” São Lucas fala da pobreza real, fala de pessoas concretas, que sofrem fisicamente. O advérbio “agora” sugere uma situação verdadeira e precisa, mas aponta para uma mudança: “Vós que agora chorais, haveis de rir”. Jesus viveu uma vida pobre, partilhou a sorte dos pobres: desde o Presépio ao Calvário, sem ter uma pedra onde reclinar a cabeça. Jesus sofreu os insultos e o desprezo como a pobre gente do seu tempo. “Felizes, vós, os pobres”. Mas, felizes porquê? Jesus responde: Felizes de vós, meus discípulos, que renunciastes aos bens deste mundo, escolhendo ser pobres, por minha causa, porque é vosso o Reino dos Céus! Mas bastará ser reduzido à miséria para ser feliz? De modo algum. O ideal da felicidade cristã não consiste na indigência. A razão da alegria anunciada aos pobres está contida na promessa que lhes é anunciada: para eles chegou o Reino de Deus. Para quem confia em Deus e não nas riquezas começou um mundo novo. Reparemos na sutileza da frase pronunciada por Jesus: a felicidade que Ele propõe começa neste mundo, mas só será perfeita apenas no Céu. Nesse dia, deste tempo presente, podemos sofrer por causa do nome de Jesus. “Alegrai-vos e exultai nesse dia, porque é grande a vossa recompensa no reino de Deus.” Também São Paulo, na 2a Leitura (1a Coríntios 15,12.16-20) afirma categoricamente: Se é só para a vida presente que temos em Cristo a nossa esperança somos os mais desgraçados de todos os homens. A nossa esperança alimenta-se na fé em Jesus Cristo, morto e ressuscitado, e não nos bens deste mundo. Deus oferece a felicidade a todos, mas só os corações desprendidos dos bens terrenos conseguem possuir a Bem-aventurança definitiva!
O profeta Jeremias, na 1a Leitura (Jeremias 17,5-8), tem palavras semelhantes às de Jesus, no Evangelho. “Feliz o homem que põe a sua esperança no Senhor. Maldito o homem que põe na carne toda a sua esperança, afastando o seu coração de Deus”. O grande risco da riqueza consiste em confiar nos bens, pensando que podemos ser felizes sem Deus. A riqueza faz desaparecer a fome de Deus e encerra o coração nos prazeres temporais. Só Deus é capaz de saciar a nossa fome de felicidade eterna. A riqueza que promete a felicidade, é mentirosa. A única felicidade definitiva é o amor, é Deus, é o Reino de Deus. Por isso, Jesus lamenta a posição dos ricos: “Ai de vós, os ricos!” A riqueza não é uma maldição! Jesus não vem para condenar, mas para salvar. Os ricos aos que Jesus se refere são os que se fazem auto-suficientes, incapazes de acolher o convite para o banquete do céu porque já se estão banqueteando na terra. Por isso, lhes diz o Senhor: “ai de vós, pois já recebestes todas as consolações.”
Aprendamos de Jesus, escutando a sua Palavra e nos alimentado da Sagrada Eucaristia, a fazer a escolha da plena felicidade nesta vida.

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